tag:blogger.com,1999:blog-44390659374722603222024-02-07T16:53:55.269-08:00WoruldcandelO blog, D. de Lima, também é épico e toal, e não apenas um simples memorial do tédio diário.
Seria de dizer órfico, multi e unitário,
mesmo o maior post é denominado - o blogMarra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.comBlogger66125tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-84758440237373916152010-06-21T08:26:00.000-07:002010-06-21T08:27:06.552-07:00A ópera de ontemNão se resolvia não se resolvia e já era<br />Isolda cantando Tristão morto na torre<br />Com estrelas que dissolvem dos sinos em cromatismos<br />A dor e o mar. Ah, quem ousaria mediante<br />A orquestra a ausência de uma lágrima?<br /><br />O tenor não ligava pra tudo aquilo<br />Ele sabia que seu Tristão estava tranquilo e longe<br />De poções, amores e modulações sem fim.<br />Tristão ouvia, com paciência, a fermata dos olhos<br />Até desenvolver-se nas cortinas fechadas.Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-57153273117109688842010-06-11T15:52:00.000-07:002010-10-20T20:00:30.296-07:00Que aqui se faz a vozQue aqui se faz a voz<br />Voz outra voz outrora atroz<br />Ou seria de dizer Vox<br />Nem Fox News ou CNN<br />Veloz<br />Como instinto de sílaba e sangue<br />De silêncio entremeando-me o si<br />De alguma peça ou de algum murmuro<br />Ou mesmo de algum carro que range<br />Porta ou fechadura corpo adentro.<br /><br />O se.Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-84586808937177439212009-10-09T17:14:00.000-07:002009-10-09T17:16:27.244-07:00Comentários para NietzscheEstes comentários são sobre o texto aforístico C<span style="font-style: italic;">repúsculo dos ídolos ou como filosofar com um martelo</span>.<br /><br />"O que poderia ser o espírito alemão, quem já não teria experimentado seus pensamentos melancólicos sobre isso! Mas esse povo emburrou-se arbitrariamente, desde quase um milênio: em nenhum outro lugar, os dois grandes narcóticos europeus, álcool e cristianismo, foram mais viciosa e abusivamente utilizados. Recentemente, até mesmo um terceiro narcótico veio ainda acrescentar-se a esses dois; um com o qual é possível aniquilar sozinho toda mobilidade sutil e audaz do espírito: a música, nossa música alemã entulhada e entulhadora. - Quanto há do peso enfadado, do aleijão, da umidade, do robe, quanto há de cerveja na inteligência alemã! Como é afinal possível que homens jovens, dedicando sua existência aos fins mais espirituais, não sintam em si o primeiro instinto da espiritualidade, o instinto da autoconservação do espírito, e bebam cerveja?..."<br /><br />Não dá pra largar nem cristianismo, nem cerveja, nem um bom Wagner, foi mal.<br /><br />"E por toda parte reina uma pressa indecente, como se fosse uma falta grave para o homem jovem ainda não estar "pronto" aos 23 anos, ainda não saber responder à "pergunta principal": que profissão escolher?"<br /><br />É uma falta grave para uma criança de 17 anos ainda não saber que curso pretende fazer na universidade.<br /><br />"Liszt: ou a escola da destreza segundo as mulheres."<br /><br />E você já festou à vontade, você e seu amigo Wagner, com o dinheiro dele, né safado?Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-33518523689129505992009-08-08T19:58:00.000-07:002009-08-08T20:04:53.500-07:00notaNão quero prender-me num mundo inexistente, mas talvez no imaginário real. Prender-se no mundo inexistente é não imaginar, mas no real há todas as pétalas de sonho que embarcam os seus olhos em além de Homero. E aquém é uma gota de silêncio.<br />E o verde luar dos olhos de Isabel, a de Diônisos Castro Alves e Gerardo, não seria no sonho (e por lá não voaria meu pássaro) se não petalasse o possível.Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-67506311608788204462009-08-07T10:00:00.001-07:002009-08-07T10:00:55.322-07:00SaúdeTudo é bom e agradável num dia de angústia que se emerge das dúvidas, pois a dúvida em si é o início da melodiosa pleniluz. E nele, uma ironia com suas patas inexistentes pia a canção dos aromas azuis.<br /><br />É nesta imagem bucólica, a uma das últimas canções do Strauss que eu saúdo.<br /><br />Pois, um sol e um salmo.<br /><br />Sóis.Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-89678648894737324892009-08-05T21:09:00.000-07:002009-08-05T21:11:27.605-07:00JustificativaO que podemos ver aí em cima é uma vela, talvez seria de muita pretensão ou presunção colocar uma vela no início do blog, além do título ser uma metáfora ao Sol, “vela do mundo”, em saxão. Eu não sei lhufas de saxão, nem tenho nenhum estudo nos estudos do Sol, mas já li uma tradução do Beowulf bilíngüe (de onde tirei o título do blog) e gosto muito de velas e de céu. E gosto do nome, cem mil vezes melhor que o antigo nome tirado de uma peça do Schönberg, peça belíssima, por sinal.<br /><br />O que podemos ver aí em cima ainda é uma vela, talvez seria de muita pretensão ou presunção colocar uma vela no início do blog, fico com a segunda, não é bom ser presunçoso, mas é bom ser pretensioso, eu sou pretensioso e ambicioso por muitas coisas. Sou, inclusive, ambicioso por velas e céus e pássaros. Ambiciono a melodia da vela ao numinoso lume de um céu na hybris esquerda de um pássaro. E ambiciono voz. Talvez seja por isso o subtítulo, imensamente devedor de Jorge de Lima, cuja foto está pregada na parede de meu quarto, e de cuja linguagem faço mímese (imitador confesso) em diversas situações disso que é vento ou espírito.<br /><br />O que vemos aí em cima é uma justificativa de uma vela, e uma vela não merece justificativas, uma vela é uma vela, seja num quarto, na sala ou nos confins do tempo.Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-47620922411338846652009-06-12T05:30:00.000-07:002009-06-12T05:32:10.381-07:00Eu preciso...Mudar o rosto disso aqui para que eu ainda possua ânimo de postar. Alguém tem alguma sujestão?<br /><br />Sabe como é, mudar as barras, tal, pintar aqui, alí, fazer uma reforma...Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-33702780364058181612009-03-19T13:26:00.000-07:002009-03-19T13:38:17.690-07:00Cinzas IHá apenas uma coisa nas cinzas<br />Que me contempla: o silêncio e ele<br />Tem as costas de meus olhos.<br /><br />Eu pergunto a ele se ele sabe<br />A cegueira das horas.<br />Ele só diz a lágrima, e ela não é<br />Nem a voz nem vento ou cor de voz<br />E se anula no insignificado<br />- Uma coisa nas cinzas<br />Que me contempla.<br /><br />Há apenas uma coisa nas cinzas.<br />Considere-a, salgada e luminosa<br />Em sua decisão de não dizer.<br /><br />Marra SignoreliMarra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-28701701944304850752009-03-14T22:51:00.000-07:002009-03-14T22:54:56.198-07:00Être pasNinguém vai me entender se eu contar meu único desejo, e eu não quero contar - é como se isso fosse um guarda-segredos, mas não é.<br />Às vezes as coisas que não são outras nos enganam, ou mais ou menos isso...<br />Je vais salter à la fenêtre? Non...Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-217326975714839862009-03-08T10:59:00.000-07:002009-03-08T11:00:38.386-07:00Enquanto isso, na casa de Hermes...-Então, Píndaro, o homem é o sonho de uma sombra?<br /><br />-Mais ou menos.Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-66009564550649351692009-02-10T14:53:00.000-08:002009-02-10T15:17:02.884-08:00Bruno é um rapaz que, malgrado o fato de ser canceriano, sempre entendeu meus gostos, as coisas que ele me apresenta são geralmente ótimas: Coomaraswamy, Fausto de Marlowe, Bar da 3, Alizée...<br />Mas agora ele se superou me apresentando um <a href="http://www.apostos.com/soaressilva/">blog excelente, de Alexandre Soares Silva</a>.<br /><br />Pode clicar sem medo!Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-58110846851010913312009-02-08T08:49:00.000-08:002009-02-10T15:11:59.462-08:00Um povo em festa"Somos um povo em festa, um povo que faz de sua euforia a condição final do seu projeto de ser. Que não é um projeto: já nascemos prontos. [...] Nosso primeiro postulado filosófico seria o seguinte: as coisas não estão aqui para serem pensadas; as coisas parecem não se encaminhar a nenhum destino: estão como existênca apenas no hoje, num hoje pronto e acabado que é em si mesmo o seu próprio futuro. No futebol, no samba e no carnaval, já temos a senha dialética dos três estágios que não lograram sequer ser antingidos pelo nosso esforço, pois nos foram dados simultânea e instantaneamente sem nenhuma necessidade de síntese, sem nenhum percalço lógico ou metafísico."<br /><br />"Sambamos, jogamos e brincamos carnaval, logo, existimos. Não há necessidade de um projeto criador da história. Nossa história é esse rodízio constante que, todavia, redunda no mesmo."<br /><br />Ângelo Monteiro (as duas citações), "Vamos lavar a burra", Escolha e sobrevivência - Ensaios de educação estética, Pg. 22<br /><br />Ângelo Monteiro (sou fã dele) é um poeta alagoano, professor de Filosofia da Arte na UFPE e provavelmente o maior leitor de Jorge de Lima no Brasil.<br /><br />...<br /><br />Rapaz, esses caras tiram leite de onça assim, só de olhar a bichana já se ordenha... e pasteurizado que é pra num ter assunto depois!<br /><br />Ler também: <a href="http://www.olavodecarvalho.org/textos/prefacio_escolha.htm">Prefácio de Olavo de Carvalho ao livro de Ângelo Monteiro</a>Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-6482597683804424942009-02-03T20:03:00.000-08:002009-02-10T15:30:01.324-08:00Frase do momento..."O que move o músico é a consciência pesada." Arnold Schönberg<br /><br />Dá-lhe!<br /><br />Tenho que lembrar de achar, ou fazer, uma frase sobre a curiosidade.Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-10036791987773047122008-11-19T07:31:00.000-08:002008-12-27T19:33:46.815-08:00Por entre as paredes desta sala...É uma coisa muito interessante usar um computador da faculdade de letras com um sistema operacional com nome de macumba, enquanto um amigo meu se esforça do meu lado para terminar um trabalho. Enquanto isso eu penso: é bom postar coisas assim aqui, quando eu posto algo sério poucas pessoas lêem...<br /><br />Penso também em ir lá ler as coisas necessárias...Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-89306530718723275372008-11-05T16:45:00.000-08:002008-11-10T16:21:21.881-08:00A Revelação<div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">“Mas amamos, porque Deus nos amou primeiro.” Primeira epístola de São João (4:19)</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">"e ao vir os serões e os fiéis enganos</span><br /><span style="font-style: italic;">amar os sonhos que restarem frios." Jorge de Lima - Invenção de Orfeu (I:XXVI)</span><br /></div><br />Era quando as borboletas fizeram nascer madrugada naquelas pétalas. Eu amo! Sim, ruas, prédios, pássaros e passos perdidos no oceano dos sentidos. Eu amo! E isso ecoou em sua mente três vezes naquela hora, e como se por ímpeto ou por não querer ter mais a fazer foi procurar diante o rosto um negócio pra completar o verbo. Nada. Simplesmente não sabia o que amava.<br /><br />Era poeta e era músico também, ou pelo menos tentava, andava com uma xerox na mochila mastigada pelo descuido vendo lágrimas do tempo escoarem das paredes. Precisará ler o texto, dizia a lembrança das lágrimas. Mas essa agora! Não conseguirei ser nem poeta, nem músico, nem cientista, nem engenheiro, nem gari, nem porra nenhuma se não tiver responsabilidade, e me deu de amar agora! Mas eu amo! E precisava amar algo, talvez não alguém ainda, mas algo. Talvez se eu reparar melhor a cor das coisas eu comece a amar alguma... lançava o olhar sobre o céu, isso é só branco, e sobre um passarinho, isso é só laranja e branco, e sobre a rua suja de terra, é só marrom e está sujando o meu tênis, e sobre o texto xerocado, é só uma chatice sem cor... e quanto mais via, mais as cores se escapavam de seu sentimento tornando-se apenas o cinza, e não se pode amar cinzas.<br /><br />Pera aí, são quatro e meia, senhora. Puta merda, estou atrasado! Não iria chegar a tempo pra Master Class. Meu professor vai me foder! Ele quer me ver tocando aquela música pro cidadão lá do cu de Judas e eu não vou chegar a tempo! E as horas, como se quisessem vê-lo correndo contra elas, alçaram vôo no abstrato dos ponteiros e de pressa um minuto veio em direção às cinco. Definitivamente não amo o tempo nem o horário de verão. E o pequeno tique quase real indicando o segundo, ecoando de seus olhos pro fundo de sua mente tinha quase o som daquela nota lá do início da música preparada pra tocar na aula perdida. Então eu amo a música? Ou a poesia? Fazia sentido, ele estuda e rala pra ser bom nas duas coisas ou numa das duas coisas, existe gente falando ser impossível ser bom nas duas, mas e daí? Não, não me dedicaria tanto se as amasse, o som me incomoda, o som das palavras e das coisas assim como as próprias palavras e as coisas e o significado de cada uma delas, como um cachorro morto pode significar aquele cromatismo descendente prestes a bater num carro, se bater naquele carro vai ser trítono chorando flores, não... por essas e outras nem de arte eu gosto! Além disso, amar a poesia pode ser traiçoeiro, sou anacrônico na poesia, e se sou anacrônico, mas mesmo assim escrevo aquilo sem saber donde vem, então a poesia está me traindo, como eu posso amar um negócio traiçoeiro? E quanto mais ele pensava sobre isso mais anacrônicas ficavam as palavras e mais terríveis ficavam o som delas e o som das coisas e o som das notas, e não se pode amar o grito do tempo terrível do anterior.<br /><br />Posso amar minha casa, onde eu queria estar agora, na minha casa. De vez em quando invento coisas pra colocar no jardim. Mas não existe jardim, eu moro num prédio! Aí eu invento um jardim na minha psicose pra colocar coisas no jardim. Algumas pálpebras de aurora, uma sombra fugitiva, fel espalhado na terra com rins rasgados sem piedade, não... o jardim da minha casa me incomoda como as palavras, e se miro os olhos pro meu quarto eu me deparo com a realidade de mim mesmo, eu não quero ser aquela ampulheta em cima da escrivaninha, não gosto dessas coisas de tempo... não quero ser aquela réplica do MyFlower com meu pássaro na frente, não, aquela mitologia de meu quarto com vômitos de onde saem heróis ultrapassados e na cabeça jardins de velho testamento com argilas messiânicas. E quanto mais ele pensava em sua casa, mais sentia dores pelas coisas inventadas dentro dela, e não se pode amar a dor.<br /><br />Desviando de sua casa, já impregnada pelas dores, e também das cores e também do tempo e também das palavras e também dos sons e também das aulas e também das xerox, ele pensou, enquanto andava em direção a estar perdido, sobre a sua família e quanto mais ele andava mais se aproximava do calor de um astro queimando na eternidade, entanto pensava em sua família e o carinho o aliviava. A minha mãe, o meu pai, os meus avós, meus tios, meus primos, sim, eles são pessoas boas, lembro de quando meus avós fizeram de tudo pra me aliviar enquanto meus pais se separavam, é, pena deles terem se separado, o signo deles batia direitinho, mas minha mãe acabou traindo meu pai... isso não teria acontecido se fosse a umas gerações atrás, meu avô traia a minha avó e ela vivia em silêncio, como se o sofrimento e a mudez fossem um preço a ser pago, não sei se isso é amor, pensando bem, e se eu não fosse filho único, seria a mesma coisa? E quanto mais ele pensava em sua família, mais ela se transformava em traição como as palavras o eram, e não se pode amar a traição.<br /><br />Mas ela... é verdade, talvez eu a ame, há dias me perco em seus olhos querendo abaixo tocar os seus lábios e adiante os lisos cabelos tão raros no crânio... talvez eu a ame. Pensava de ingênuo, mas logo no peito espelhou seu semblante e a dúvida então de crisálida veio... Amor não é sonho beijando o seu seio nem é desejar penetrar o seu ventre com nuvens de vinho tingindo as estrelas, meu peito requer o luzir do infinito, estrelas de pingos de lágrima e não de vinhos ou ácaro-mitos por entre seu corpo de plástico ou pluma no em vão. E quanto mais pensava nela, mais via ser vil a paixão sentida, e não se pode amar a vileza.<br /><br />Estava quase em casa e nem sabia, talvez guiado pelo instinto ia chegando lá... Talvez... é isso, eu amo a Deus. E as cores ressurgiam... Não são as nuvens, ou relógios, nem os sons, a mímese das letras mortas, é Deus quem amo, quem procuro e quem parece não me ver, pensando bem... E quanto mais em Deus pensava mais ia sumindo a face pelas mágoas sem nem fazer a luz do verbo, Ele não existe... e repetia e repetia e repetia, como se essas três palavras formassem a sua trindade de esquecimento, amava, mas não se pode amar o inexistente.<br /><br />Já estava em casa e chorava sem derramar nenhuma pétala de lágrima. Se ao menos eu tivesse um sinal! Se ao menos alguém me abraçasse, me pedisse um negócio ou me apontasse um negócio pra amar, mas não, não há ninguém para ao menos recusar minha companhia por estar lendo os versos de Horácio... mas deixe, eu me recuso amar alguém... pessoas... esses pombos sem asas vagando pelo mundo, fazendo loucuras nos ônibus, pegando em mim quando eu quero ficar sossegado e quando como agora, queria um abraço, uma palavra de carinho, um tapa na cara, alguma coisa, nada me dão. E não sinto sequer a bruxa presa na zona de luz. Nada, mas o sentimento está aqui, eu amo! Se pelo menos o tempo passasse e eu pudesse esquecer tudo amanhã, mas meu maldito relógio estragou e marca apenas quatro e meia, quatro e meia soando aquela maldita nota lá no fundo da minha cabeça enquanto penso na Master Class que matei. Anoitece, e são ainda quatro e meia, cedo demais pra dormir, cedo demais para confissões, posso não sentir nada. Mas eu amo! E quanto mais o tempo passava, mais o amor sangrava em sua cabeça, seu rosto, sua boca, suas mãos, tingindo todo o seu corpo de silêncio.<br /><br /><div style="text-align: right;">João Antônio Marra Signoreli</div>Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-81910813238986187832008-10-16T12:25:00.000-07:002008-10-25T06:45:59.182-07:00Come again - Jonh DowlandCome again,<br />sweet love doth now invite,<br />thy graces that refrain<br />to do me due delight.<br />To see, to hear,<br />to touch, to kiss,<br />to die with thee again<br />in sweetest sympathy.Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-40824578570681795942008-10-10T16:16:00.000-07:002008-10-25T06:45:20.218-07:00Cara, eu visito meu blog para saber se tem postagem nova, essa é mais uma prova da tensão que existe entre minha identidade.Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-47897378801339773122008-10-07T07:13:00.000-07:002008-10-07T07:15:10.153-07:00Por uma boa causa...<a href="http://www.ajudeumvirgem.com/">Clique aqui e ajude um virgem</a>Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-16374154075484223892008-10-04T06:07:00.000-07:002008-10-04T06:14:34.300-07:00Sobre os pianos pastorais de ScarlattiEstava eu, Jãozin, ouvindo uma sonata de Domenico Scarlatti, um compositor italiano barroco com maravilhosas peças que talvez o próprio compositor nem dava tanto valor, tanto que os nomes "sonata", "minueto", etc foram dados depois pelos estudiosos de sua obra. Um amigo meu denomina as peças de Scarlatti como "danoninho encantado, rosa e feliz a saltitar". Esse amigo, assim como eu, é um escrevedor de metáforas, mas com certeza não foi muito feliz, tampouco encantado, rosa ou saltitante nessa.<br /><br />Eu ouço Scarlatti com uma certa melancolia anacrônica, é, porque dizem (as pessoas) que eu sou um sentidor anacrônico. É. Um sentidor anacrônico é tipo assim: você pega a sonata K 9 de Scarlatti e finge que está vendo pastoras, e ao invés de ter sonhos eróticos com as pastoras (ou com as ovelhas, sei lá) tente transformar-se em pássaro e voar para além das estrelas das notas.<br /><br />Estou lembrando daquele poema de Murilo Mendes sobre o pastor de pianos...<br /><br />Você quer essa peça citada de Scarlatti? <a href="http://rapidshare.com/files/150841574/03_-_K_9__in_D_minor__Allegro_moderato.mp3.html">Tá aqui</a>.Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-59151902182857163242008-10-02T10:51:00.000-07:002008-10-02T10:55:09.181-07:00Estou contente pela invenção do Super-Bonder, o que seria do meu pássaro sem ele?<br /><br />...<br />Mudando de assunto:<br /><br />Agora tenho tanta coisa pra fazer que eu não sei nem por onde começar...Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-59676505006378935382008-09-18T20:11:00.000-07:002008-09-18T20:25:10.639-07:00Da falta de paciência<span style="">Há em mim uma falta de paciência para algumas coisas, principalmente pelas lágrimas existentes apenas para fazer-me ficar inseguro dos sustentáculos de minhas emoções e confianças, lágrimas não minhas. Prefiro o trabalho e a oração ao choro e o desespero, não há motivo para uma (or)ação desesperada e sim pelo trabalho e pela esperança. As coisas já estão ruins mesmo, não só aqui nesta casa como em qualquer parte do país, como exemplo estas palavras serão tomadas ou como ridículas ou como bonitinhos conselhos de auto-ajuda, então para dar umas palavrinhas de angústia, falo sobre o fato deste pequeno texto ser mais um exemplo de um hermetismo induzido externamente, existente em mim por questões de fé.<br /></span>Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-19452883522968213532008-09-17T09:28:00.000-07:002008-09-17T09:32:18.028-07:00Falabela num caixa.-Três contos por uma latinha de coca-cola? Está, pois, um preço astronômico! Nem da altura dos astros com suas palavras sobre os nossos caracteres distantes podem, com a suprema força de Apolo, adquirir formas a pagar tamanho preço injurioso!.Creio, com minha sabedoria vinda dos séculos vindouros, pelos poderes que me foram concedidos por meio do vaticínio no fato do senhor, ó ilustre caixa de fast-food, está de galhofas com a minha face já talhada pela sabedoria das rugas e pelos prantos dados ao brilhoso manto noturno!<br /><br />-A da máquina é 50€ mais barato.<br /><br /><span style=";font-family:";font-size:12;" ></span>Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-23891904326132853412008-08-31T12:07:00.001-07:002008-09-17T09:33:31.864-07:00Carta aberta a Nayara<span style="font-style: italic;">As melancólicas palavras desta carta foram escritas por Marra Signoreli no segundo semestre de 2008 e publicadas em dois blogs: Delirium Tremens e Pierrot Lunaire sob o pretexto de serem encaminhadas a Nayara. Na verdade o silêncio hermético dessas palavras revelam uma incomunicação repletas de interpretações absurdas de quem a lê, o único jeito de apreende-las, creio eu, seria não pensando sobre elas.</span><br /><div style="text-align: right;">O Pássaro de Argila<br /></div><br />"Vós, porém, tendes a unção do Santo e sabeis todas as coisas. Não vos escrevi como se ignorásseis a verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira vem da verdade" Primeira epístola de São João (2: 20, 21)<br /><br />"I count those feathered balls of soot<br />The moor-hen guides upon the stream,<br />To silence the envy my thought;<br />And turn towards my chamber, caught<br />In the cold snows of a dream." W. B. Yeats<br /><br /><br /><br />N,<br /><br />Eu acredito nas pétalas de Sol desta carta<br />Sobre o cavalo de lágrimas na neve do sonho<br />Mas se destece em crisálidas de fênix, silêncios<br />Pós das latrinas devoram na caveira do abismo.<br /><br />Indubitavelmente eu acredito<br />No absinto derretendo as televisões ao som da terceira trombeta.<br />Encarecida a mente faz o mito<br />Do absurdo no automóvel passarizando a larva desalunissada.<br /><br />Sinto-me surdo de repente.<br /><br />No fundo dessa incógnita um cavalo vomitou a rosa-dos-ventos,<br />Cavá-lo tirou-me momentaneamente da hipnose dos pés da deusa,<br />Tentava pintar o nunca de suas unhas como metáfora obediente,<br />Pois somos metáforas metafísicas na internet dos séculos,<br />Tentei não amá-la, mas vi sua pulseira com contas e alegorias<br />E vi-me preso como o outono desfolhando o Evangelho<br />Só posso fazer por ti esta carta apocalíptica<br />Fujamos daqui antes de sermos novamente seus escravos<br />Longe podemos pescar estrelas no lago da noite<br />E alimentar com sonhos as nuvens já fartas do Sol<br />Só encontraremos a pós cavarmos os cavalos seus esqueletos de relógio<br />E o mecanismo de formigas fugirá nas mãos derretidas<br />Não quero mais chorar, disse o céu antes do dilúvio<br />Tudo se resolve nas estátuas dos cemitérios<br />E suas flores dormidas no tédio da tarde.<br /><br />Eu não sou mito de tétrica cirrose na festa<br />Durmo no embalo da lástima mais breve da deusa<br />A fada canta e de pálida me lua enterrado<br />Pós das latrinas devoram a caveira do espaço.<br /><br />Eu não sou mito de lápide no raio que o parta,<br />Eu acredito nas pétalas de Sol desta carta.<br /><br /><div style="text-align: right;">Distraidamente,<br />Marra Signoreli<br /></div>Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-23920024843930134372008-08-29T20:02:00.000-07:002008-09-17T09:34:01.995-07:00Um poema do livro "Susana -3 Elegia e Inventário" de Geraldo Mello Mourão<p>"e tua voz se ouvia<br />através das paredes e era<br />a voz da estrela onde<br />o rouxinol um dia fez seu ninho:<br />as raparigas celtas temperavam na garganta<br />esse murmúrio numinoso<br /> quando<br />inauguravam na boca o desenho<br />da primeira dança:<br />à sua melodia as ninfas<br />naquele tempo<br /> viam<br />partir-se o coração da rosa quando<br />o coração do silêncio partia o seu cristal<br />e aparecia a tua voz:"<br /><br />(Mello Mourão, Geraldo. Susana 3 Elegia e Inventário, pg. 28 Edições GRD)</p><p>PS: Eu juro ter tentado ao máximo manter a disposição espacial original do poema: "quando" deve aparecer alinhando ao "o" de "numinoso" e "viam" alinhado após o "o" de "tempo", alinhado ao "a" de "as" no segundo verso anterior a ele.<br /></p>Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4439065937472260322.post-89035786444655180452008-08-25T20:01:00.001-07:002008-09-17T09:34:44.067-07:00Coisas a não se dizer.O primeiro parágrafo foi um projeto abandonado, o segundo foi um pensamento avulso, se houve unidade foi casual:<br /><br />Os problemas estéticos, bem como as complicações metafísicas, os problemas com a religião e com a inspiração, com a força de um trabalho e com a força maior da fé sempre me incomodaram como se incomoda, na vida contemporânea, com questões como amor e trabalho, isso seria um problema de ser dito aqui abertamente, pois estou cada vez mais convencido do seguinte problema: por mais aderentes ao discurso da admiração sobre a intelectualidade as pessoas (e principalmente as mulheres) estão, ao medirmos a sinceridade disso veremos uma escassez no afrodisíaco do intelecto. <i>Entenda, eu trunquei um pouco a linguagem por motivos óbvios, não quero que certas pessoas entendam o conteúdo de certas passagens do texto, mas se quiser tratar a questão por puro pedantismo, ok. </i><br /><br />Eu poderia ter decidido não escrever, ou mesmo se tivesse decidido escrever, não me importar. Não é assim o feito hoje em dia? Não é isso o apresentado aqui? Tudo menos eu, poderia ter resolvido não sofrer, ter abandonado o mito da existência quando não estava preso a ele, seria tudo, seria feliz como o é qualquer um, e se não o fosse poderia usar dos entorpecentes químicos ou psicológicos para alcançar isso, mas não seria eu, e assim me conheço como indivíduo e tomo consciência de mim em frente à noite dessas eras. Deixo que me julguem, pois tudo além de meu coração e suas coisas é o silêncio.Marra Signorelihttp://www.blogger.com/profile/12694683922769003876noreply@blogger.com1