terça-feira, 29 de julho de 2008

A coisa no RU.

Este diálogo é veridicamente verídico, ocorreu no mês passado, quando, aguardando uma aula que ocorreria a tarde, eu e meu amigo Maxuell fomos almoçar no RU (Restaurante Universitário) e travamo-lo:

Maxuell: João, o que é isso?
Marra Signoreli: Sei lá, velho.
Maxuell: Posso colocar no seu prato? Você já parou de comer...
Marra Signoreli: Não sei não, heim... parece que tá mexendo...
Maxuell: Se começar a andar a gente corre.

Inclusive, hoje no MSN relembrando o antigo fato:

As vezes nos falta coragem,as vezes,medo. diz:
isso..........e mexia mesmo
Marra Signoreli diz:
mexia!
Marra Signoreli diz:
mexia, que eu lembro...
As vezes nos falta coragem,as vezes,medo. diz:
o que era aquilo......
As vezes nos falta coragem,as vezes,medo. diz:
meu deus
As vezes nos falta coragem,as vezes,medo. diz:
João,outro dia vc me disse que se converteu.....
Marra Signoreli diz:
cara, era algo parecido com uma gordura de carne, sei lá, deve ser dos testes do pessoal da agronomia...
Marra Signoreli diz:
Sim

Minha conversão nada tem a ver com a coisa que mexia no RU.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Vamos rir de nós mesmos e fazer de conta...

Alargamos as faces, alegrias,
temos desígnios, somos superpostos;
e entretanto nos rimos, somos frios
apraz-nos que nos tombem e zombamos
dos nossos pobres golpes, com cueiros,
comendo coisas tenras e merendas,
ainda somos meninos, ainda somos
meninos impossíveis e possíveis:
- faz de conta que somos homens feitos.

(Lima, Jorge de ; Invenção de Orfeu – Canto II Subsolo e supersolo; XIV; 22ª estrofe; Pg. 118 Ed. Record.)
PS: Quero ver depois dessa citação você ainda não conseguir encontrar a estrofe citada.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Peripécia

Em A Poética, de Aristóteles, temos vários conceitos (sim, eu me gabo pela nota máxima em literatura), e dentre eles, um bem interessante é o tal da peripécia: a palavra sugere "fazer uma volta, circundar", e o conceito é "mudança repentina dos acontecimentos". É, como já diria meu mestre e professor de violão, quando os enganos absolutos não significam nada. Você é o mais alto dos homens, Édipo, e um dia se descobre incestuoso e cego de seu próprio destino além de cego de seus olhos, lhe é dada as cinzas.

Mas em pleno início do século XXI (o que vocês estão achando da primeira década?), nos descobrimos livre dos antigos conceitos literários, nossa vida não é mais uma tragédia grega e não vamos um dia depararmos com o assassino de nosso pai em frente ao espelho, mas as coisas não estão tranqüilas, fico imaginando hoje quando passei mal provavelmente do fígado, sobre como as tragédias nos ensinam e entanto elas estão substituídas pelos livros de auto-ajuda, é como uma literatura lisérgica substituindo verdades (mesmo sendo verdades in illo tempore) por alucinações confortantes, ainda penso ser a arte inútil, sobretudo aquela feita com as palavras, mas penso naquela comparação do conceito de catarse com a última função da literatura descrita por Umberto Eco, a purificação por meio do terror e da piedade pode sim nos ensinar sobre o destino e a morte.

Estou sentindo necessidade de escrever, pena estar com os olhos doendo, mal-estar, meio enjoado e com medo de que forçar as vistas me provoque um vômito, mas talvez seja um risco pelo qual vale a pena correr...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A forquilha de seu nome - em prosa.

Olhei-a, incógnita ela era, seu resultante invisível, precioso. O mais interessante das incógnitas é, não o fato de não sabermos o valor delas, mas delas não saberem nosso valor. O cálculo infinitésimo da distância da estrela em função de um tempo relativo? Não, nada disso, era uma equação a parte, a segunda letra geralmente usada nas equações do ensino médio, quando não se pode usar a primeira, já tentei encontrar motivos para essa equação, mas é a tentativa de calcular minha lágrima, sempre...

A lágrima é a lúcula dos homens deste tempo, quando tudo está bem, é a luz a mácula, eis as dúvidas rindo por acharmos estarem enterradas, e ela, a incógnita me sorrindo entre os dentes de estrela com seus abraços inexistentes, ela fala comigo na noite pequena, às vezes ela fala sobre aguardar outra noite, a noite eterna, na qual não só nós dois, mas todos estarão dormindo à sombra dos mares-crepúsculos.

Eu a beijo em meu sonho e ela recua, tento lhe escrever um soneto com três buquês de rosa, mas sou pobre de dinheiro, sua rua fica ali em um céu perto, ela se cobre de símbolos enquanto faz seu chá para ser derramado nas alfombras míticas azuis do universo e anoitecer, ela nunca me mostrou as asas, mas já a vi voando em ave, quando em diversas contas ela me vem com cálculos renais e para fazer-lhe companhia no hospital eu mando um par de olhos, os mesmos olhos dirigidos para cada pedacinho de sua resolução.

Para os homens ela é morta... para mim? Rá! Perguntas ainda? Conhecei-a, um cometa, apenas, pérfida lágrima cósmica em túmulos fingindo ser boneca e em cada nota de cada música o silêncio de uma pausa invisível de quando não há pausa, em meu caderno é plenitude, incógnita. Olhei-a.