sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Comentários para Nietzsche

Estes comentários são sobre o texto aforístico Crepúsculo dos ídolos ou como filosofar com um martelo.

"O que poderia ser o espírito alemão, quem já não teria experimentado seus pensamentos melancólicos sobre isso! Mas esse povo emburrou-se arbitrariamente, desde quase um milênio: em nenhum outro lugar, os dois grandes narcóticos europeus, álcool e cristianismo, foram mais viciosa e abusivamente utilizados. Recentemente, até mesmo um terceiro narcótico veio ainda acrescentar-se a esses dois; um com o qual é possível aniquilar sozinho toda mobilidade sutil e audaz do espírito: a música, nossa música alemã entulhada e entulhadora. - Quanto há do peso enfadado, do aleijão, da umidade, do robe, quanto há de cerveja na inteligência alemã! Como é afinal possível que homens jovens, dedicando sua existência aos fins mais espirituais, não sintam em si o primeiro instinto da espiritualidade, o instinto da autoconservação do espírito, e bebam cerveja?..."

Não dá pra largar nem cristianismo, nem cerveja, nem um bom Wagner, foi mal.

"E por toda parte reina uma pressa indecente, como se fosse uma falta grave para o homem jovem ainda não estar "pronto" aos 23 anos, ainda não saber responder à "pergunta principal": que profissão escolher?"

É uma falta grave para uma criança de 17 anos ainda não saber que curso pretende fazer na universidade.

"Liszt: ou a escola da destreza segundo as mulheres."

E você já festou à vontade, você e seu amigo Wagner, com o dinheiro dele, né safado?

sábado, 8 de agosto de 2009

nota

Não quero prender-me num mundo inexistente, mas talvez no imaginário real. Prender-se no mundo inexistente é não imaginar, mas no real há todas as pétalas de sonho que embarcam os seus olhos em além de Homero. E aquém é uma gota de silêncio.
E o verde luar dos olhos de Isabel, a de Diônisos Castro Alves e Gerardo, não seria no sonho (e por lá não voaria meu pássaro) se não petalasse o possível.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Saúde

Tudo é bom e agradável num dia de angústia que se emerge das dúvidas, pois a dúvida em si é o início da melodiosa pleniluz. E nele, uma ironia com suas patas inexistentes pia a canção dos aromas azuis.

É nesta imagem bucólica, a uma das últimas canções do Strauss que eu saúdo.

Pois, um sol e um salmo.

Sóis.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Justificativa

O que podemos ver aí em cima é uma vela, talvez seria de muita pretensão ou presunção colocar uma vela no início do blog, além do título ser uma metáfora ao Sol, “vela do mundo”, em saxão. Eu não sei lhufas de saxão, nem tenho nenhum estudo nos estudos do Sol, mas já li uma tradução do Beowulf bilíngüe (de onde tirei o título do blog) e gosto muito de velas e de céu. E gosto do nome, cem mil vezes melhor que o antigo nome tirado de uma peça do Schönberg, peça belíssima, por sinal.

O que podemos ver aí em cima ainda é uma vela, talvez seria de muita pretensão ou presunção colocar uma vela no início do blog, fico com a segunda, não é bom ser presunçoso, mas é bom ser pretensioso, eu sou pretensioso e ambicioso por muitas coisas. Sou, inclusive, ambicioso por velas e céus e pássaros. Ambiciono a melodia da vela ao numinoso lume de um céu na hybris esquerda de um pássaro. E ambiciono voz. Talvez seja por isso o subtítulo, imensamente devedor de Jorge de Lima, cuja foto está pregada na parede de meu quarto, e de cuja linguagem faço mímese (imitador confesso) em diversas situações disso que é vento ou espírito.

O que vemos aí em cima é uma justificativa de uma vela, e uma vela não merece justificativas, uma vela é uma vela, seja num quarto, na sala ou nos confins do tempo.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Eu preciso...

Mudar o rosto disso aqui para que eu ainda possua ânimo de postar. Alguém tem alguma sujestão?

Sabe como é, mudar as barras, tal, pintar aqui, alí, fazer uma reforma...

quinta-feira, 19 de março de 2009

Cinzas I

Há apenas uma coisa nas cinzas
Que me contempla: o silêncio e ele
Tem as costas de meus olhos.

Eu pergunto a ele se ele sabe
A cegueira das horas.
Ele só diz a lágrima, e ela não é
Nem a voz nem vento ou cor de voz
E se anula no insignificado
- Uma coisa nas cinzas
Que me contempla.

Há apenas uma coisa nas cinzas.
Considere-a, salgada e luminosa
Em sua decisão de não dizer.

Marra Signoreli

sábado, 14 de março de 2009

Être pas

Ninguém vai me entender se eu contar meu único desejo, e eu não quero contar - é como se isso fosse um guarda-segredos, mas não é.
Às vezes as coisas que não são outras nos enganam, ou mais ou menos isso...
Je vais salter à la fenêtre? Non...

domingo, 8 de março de 2009

Enquanto isso, na casa de Hermes...

-Então, Píndaro, o homem é o sonho de uma sombra?

-Mais ou menos.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Bruno é um rapaz que, malgrado o fato de ser canceriano, sempre entendeu meus gostos, as coisas que ele me apresenta são geralmente ótimas: Coomaraswamy, Fausto de Marlowe, Bar da 3, Alizée...
Mas agora ele se superou me apresentando um blog excelente, de Alexandre Soares Silva.

Pode clicar sem medo!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Um povo em festa

"Somos um povo em festa, um povo que faz de sua euforia a condição final do seu projeto de ser. Que não é um projeto: já nascemos prontos. [...] Nosso primeiro postulado filosófico seria o seguinte: as coisas não estão aqui para serem pensadas; as coisas parecem não se encaminhar a nenhum destino: estão como existênca apenas no hoje, num hoje pronto e acabado que é em si mesmo o seu próprio futuro. No futebol, no samba e no carnaval, já temos a senha dialética dos três estágios que não lograram sequer ser antingidos pelo nosso esforço, pois nos foram dados simultânea e instantaneamente sem nenhuma necessidade de síntese, sem nenhum percalço lógico ou metafísico."

"Sambamos, jogamos e brincamos carnaval, logo, existimos. Não há necessidade de um projeto criador da história. Nossa história é esse rodízio constante que, todavia, redunda no mesmo."

Ângelo Monteiro (as duas citações), "Vamos lavar a burra", Escolha e sobrevivência - Ensaios de educação estética, Pg. 22

Ângelo Monteiro (sou fã dele) é um poeta alagoano, professor de Filosofia da Arte na UFPE e provavelmente o maior leitor de Jorge de Lima no Brasil.

...

Rapaz, esses caras tiram leite de onça assim, só de olhar a bichana já se ordenha... e pasteurizado que é pra num ter assunto depois!

Ler também: Prefácio de Olavo de Carvalho ao livro de Ângelo Monteiro

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Frase do momento...

"O que move o músico é a consciência pesada." Arnold Schönberg

Dá-lhe!

Tenho que lembrar de achar, ou fazer, uma frase sobre a curiosidade.