quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Por entre as paredes desta sala...

É uma coisa muito interessante usar um computador da faculdade de letras com um sistema operacional com nome de macumba, enquanto um amigo meu se esforça do meu lado para terminar um trabalho. Enquanto isso eu penso: é bom postar coisas assim aqui, quando eu posto algo sério poucas pessoas lêem...

Penso também em ir lá ler as coisas necessárias...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A Revelação

“Mas amamos, porque Deus nos amou primeiro.” Primeira epístola de São João (4:19)

"e ao vir os serões e os fiéis enganos
amar os sonhos que restarem frios." Jorge de Lima - Invenção de Orfeu (I:XXVI)

Era quando as borboletas fizeram nascer madrugada naquelas pétalas. Eu amo! Sim, ruas, prédios, pássaros e passos perdidos no oceano dos sentidos. Eu amo! E isso ecoou em sua mente três vezes naquela hora, e como se por ímpeto ou por não querer ter mais a fazer foi procurar diante o rosto um negócio pra completar o verbo. Nada. Simplesmente não sabia o que amava.

Era poeta e era músico também, ou pelo menos tentava, andava com uma xerox na mochila mastigada pelo descuido vendo lágrimas do tempo escoarem das paredes. Precisará ler o texto, dizia a lembrança das lágrimas. Mas essa agora! Não conseguirei ser nem poeta, nem músico, nem cientista, nem engenheiro, nem gari, nem porra nenhuma se não tiver responsabilidade, e me deu de amar agora! Mas eu amo! E precisava amar algo, talvez não alguém ainda, mas algo. Talvez se eu reparar melhor a cor das coisas eu comece a amar alguma... lançava o olhar sobre o céu, isso é só branco, e sobre um passarinho, isso é só laranja e branco, e sobre a rua suja de terra, é só marrom e está sujando o meu tênis, e sobre o texto xerocado, é só uma chatice sem cor... e quanto mais via, mais as cores se escapavam de seu sentimento tornando-se apenas o cinza, e não se pode amar cinzas.

Pera aí, são quatro e meia, senhora. Puta merda, estou atrasado! Não iria chegar a tempo pra Master Class. Meu professor vai me foder! Ele quer me ver tocando aquela música pro cidadão lá do cu de Judas e eu não vou chegar a tempo! E as horas, como se quisessem vê-lo correndo contra elas, alçaram vôo no abstrato dos ponteiros e de pressa um minuto veio em direção às cinco. Definitivamente não amo o tempo nem o horário de verão. E o pequeno tique quase real indicando o segundo, ecoando de seus olhos pro fundo de sua mente tinha quase o som daquela nota lá do início da música preparada pra tocar na aula perdida. Então eu amo a música? Ou a poesia? Fazia sentido, ele estuda e rala pra ser bom nas duas coisas ou numa das duas coisas, existe gente falando ser impossível ser bom nas duas, mas e daí? Não, não me dedicaria tanto se as amasse, o som me incomoda, o som das palavras e das coisas assim como as próprias palavras e as coisas e o significado de cada uma delas, como um cachorro morto pode significar aquele cromatismo descendente prestes a bater num carro, se bater naquele carro vai ser trítono chorando flores, não... por essas e outras nem de arte eu gosto! Além disso, amar a poesia pode ser traiçoeiro, sou anacrônico na poesia, e se sou anacrônico, mas mesmo assim escrevo aquilo sem saber donde vem, então a poesia está me traindo, como eu posso amar um negócio traiçoeiro? E quanto mais ele pensava sobre isso mais anacrônicas ficavam as palavras e mais terríveis ficavam o som delas e o som das coisas e o som das notas, e não se pode amar o grito do tempo terrível do anterior.

Posso amar minha casa, onde eu queria estar agora, na minha casa. De vez em quando invento coisas pra colocar no jardim. Mas não existe jardim, eu moro num prédio! Aí eu invento um jardim na minha psicose pra colocar coisas no jardim. Algumas pálpebras de aurora, uma sombra fugitiva, fel espalhado na terra com rins rasgados sem piedade, não... o jardim da minha casa me incomoda como as palavras, e se miro os olhos pro meu quarto eu me deparo com a realidade de mim mesmo, eu não quero ser aquela ampulheta em cima da escrivaninha, não gosto dessas coisas de tempo... não quero ser aquela réplica do MyFlower com meu pássaro na frente, não, aquela mitologia de meu quarto com vômitos de onde saem heróis ultrapassados e na cabeça jardins de velho testamento com argilas messiânicas. E quanto mais ele pensava em sua casa, mais sentia dores pelas coisas inventadas dentro dela, e não se pode amar a dor.

Desviando de sua casa, já impregnada pelas dores, e também das cores e também do tempo e também das palavras e também dos sons e também das aulas e também das xerox, ele pensou, enquanto andava em direção a estar perdido, sobre a sua família e quanto mais ele andava mais se aproximava do calor de um astro queimando na eternidade, entanto pensava em sua família e o carinho o aliviava. A minha mãe, o meu pai, os meus avós, meus tios, meus primos, sim, eles são pessoas boas, lembro de quando meus avós fizeram de tudo pra me aliviar enquanto meus pais se separavam, é, pena deles terem se separado, o signo deles batia direitinho, mas minha mãe acabou traindo meu pai... isso não teria acontecido se fosse a umas gerações atrás, meu avô traia a minha avó e ela vivia em silêncio, como se o sofrimento e a mudez fossem um preço a ser pago, não sei se isso é amor, pensando bem, e se eu não fosse filho único, seria a mesma coisa? E quanto mais ele pensava em sua família, mais ela se transformava em traição como as palavras o eram, e não se pode amar a traição.

Mas ela... é verdade, talvez eu a ame, há dias me perco em seus olhos querendo abaixo tocar os seus lábios e adiante os lisos cabelos tão raros no crânio... talvez eu a ame. Pensava de ingênuo, mas logo no peito espelhou seu semblante e a dúvida então de crisálida veio... Amor não é sonho beijando o seu seio nem é desejar penetrar o seu ventre com nuvens de vinho tingindo as estrelas, meu peito requer o luzir do infinito, estrelas de pingos de lágrima e não de vinhos ou ácaro-mitos por entre seu corpo de plástico ou pluma no em vão. E quanto mais pensava nela, mais via ser vil a paixão sentida, e não se pode amar a vileza.

Estava quase em casa e nem sabia, talvez guiado pelo instinto ia chegando lá... Talvez... é isso, eu amo a Deus. E as cores ressurgiam... Não são as nuvens, ou relógios, nem os sons, a mímese das letras mortas, é Deus quem amo, quem procuro e quem parece não me ver, pensando bem... E quanto mais em Deus pensava mais ia sumindo a face pelas mágoas sem nem fazer a luz do verbo, Ele não existe... e repetia e repetia e repetia, como se essas três palavras formassem a sua trindade de esquecimento, amava, mas não se pode amar o inexistente.

Já estava em casa e chorava sem derramar nenhuma pétala de lágrima. Se ao menos eu tivesse um sinal! Se ao menos alguém me abraçasse, me pedisse um negócio ou me apontasse um negócio pra amar, mas não, não há ninguém para ao menos recusar minha companhia por estar lendo os versos de Horácio... mas deixe, eu me recuso amar alguém... pessoas... esses pombos sem asas vagando pelo mundo, fazendo loucuras nos ônibus, pegando em mim quando eu quero ficar sossegado e quando como agora, queria um abraço, uma palavra de carinho, um tapa na cara, alguma coisa, nada me dão. E não sinto sequer a bruxa presa na zona de luz. Nada, mas o sentimento está aqui, eu amo! Se pelo menos o tempo passasse e eu pudesse esquecer tudo amanhã, mas meu maldito relógio estragou e marca apenas quatro e meia, quatro e meia soando aquela maldita nota lá no fundo da minha cabeça enquanto penso na Master Class que matei. Anoitece, e são ainda quatro e meia, cedo demais pra dormir, cedo demais para confissões, posso não sentir nada. Mas eu amo! E quanto mais o tempo passava, mais o amor sangrava em sua cabeça, seu rosto, sua boca, suas mãos, tingindo todo o seu corpo de silêncio.

João Antônio Marra Signoreli

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Come again - Jonh Dowland

Come again,
sweet love doth now invite,
thy graces that refrain
to do me due delight.
To see, to hear,
to touch, to kiss,
to die with thee again
in sweetest sympathy.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Cara, eu visito meu blog para saber se tem postagem nova, essa é mais uma prova da tensão que existe entre minha identidade.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

sábado, 4 de outubro de 2008

Sobre os pianos pastorais de Scarlatti

Estava eu, Jãozin, ouvindo uma sonata de Domenico Scarlatti, um compositor italiano barroco com maravilhosas peças que talvez o próprio compositor nem dava tanto valor, tanto que os nomes "sonata", "minueto", etc foram dados depois pelos estudiosos de sua obra. Um amigo meu denomina as peças de Scarlatti como "danoninho encantado, rosa e feliz a saltitar". Esse amigo, assim como eu, é um escrevedor de metáforas, mas com certeza não foi muito feliz, tampouco encantado, rosa ou saltitante nessa.

Eu ouço Scarlatti com uma certa melancolia anacrônica, é, porque dizem (as pessoas) que eu sou um sentidor anacrônico. É. Um sentidor anacrônico é tipo assim: você pega a sonata K 9 de Scarlatti e finge que está vendo pastoras, e ao invés de ter sonhos eróticos com as pastoras (ou com as ovelhas, sei lá) tente transformar-se em pássaro e voar para além das estrelas das notas.

Estou lembrando daquele poema de Murilo Mendes sobre o pastor de pianos...

Você quer essa peça citada de Scarlatti? Tá aqui.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Estou contente pela invenção do Super-Bonder, o que seria do meu pássaro sem ele?

...
Mudando de assunto:

Agora tenho tanta coisa pra fazer que eu não sei nem por onde começar...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Da falta de paciência

Há em mim uma falta de paciência para algumas coisas, principalmente pelas lágrimas existentes apenas para fazer-me ficar inseguro dos sustentáculos de minhas emoções e confianças, lágrimas não minhas. Prefiro o trabalho e a oração ao choro e o desespero, não há motivo para uma (or)ação desesperada e sim pelo trabalho e pela esperança. As coisas já estão ruins mesmo, não só aqui nesta casa como em qualquer parte do país, como exemplo estas palavras serão tomadas ou como ridículas ou como bonitinhos conselhos de auto-ajuda, então para dar umas palavrinhas de angústia, falo sobre o fato deste pequeno texto ser mais um exemplo de um hermetismo induzido externamente, existente em mim por questões de fé.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Falabela num caixa.

-Três contos por uma latinha de coca-cola? Está, pois, um preço astronômico! Nem da altura dos astros com suas palavras sobre os nossos caracteres distantes podem, com a suprema força de Apolo, adquirir formas a pagar tamanho preço injurioso!.Creio, com minha sabedoria vinda dos séculos vindouros, pelos poderes que me foram concedidos por meio do vaticínio no fato do senhor, ó ilustre caixa de fast-food, está de galhofas com a minha face já talhada pela sabedoria das rugas e pelos prantos dados ao brilhoso manto noturno!

-A da máquina é 50€ mais barato.

domingo, 31 de agosto de 2008

Carta aberta a Nayara

As melancólicas palavras desta carta foram escritas por Marra Signoreli no segundo semestre de 2008 e publicadas em dois blogs: Delirium Tremens e Pierrot Lunaire sob o pretexto de serem encaminhadas a Nayara. Na verdade o silêncio hermético dessas palavras revelam uma incomunicação repletas de interpretações absurdas de quem a lê, o único jeito de apreende-las, creio eu, seria não pensando sobre elas.
O Pássaro de Argila

"Vós, porém, tendes a unção do Santo e sabeis todas as coisas. Não vos escrevi como se ignorásseis a verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira vem da verdade" Primeira epístola de São João (2: 20, 21)

"I count those feathered balls of soot
The moor-hen guides upon the stream,
To silence the envy my thought;
And turn towards my chamber, caught
In the cold snows of a dream." W. B. Yeats



N,

Eu acredito nas pétalas de Sol desta carta
Sobre o cavalo de lágrimas na neve do sonho
Mas se destece em crisálidas de fênix, silêncios
Pós das latrinas devoram na caveira do abismo.

Indubitavelmente eu acredito
No absinto derretendo as televisões ao som da terceira trombeta.
Encarecida a mente faz o mito
Do absurdo no automóvel passarizando a larva desalunissada.

Sinto-me surdo de repente.

No fundo dessa incógnita um cavalo vomitou a rosa-dos-ventos,
Cavá-lo tirou-me momentaneamente da hipnose dos pés da deusa,
Tentava pintar o nunca de suas unhas como metáfora obediente,
Pois somos metáforas metafísicas na internet dos séculos,
Tentei não amá-la, mas vi sua pulseira com contas e alegorias
E vi-me preso como o outono desfolhando o Evangelho
Só posso fazer por ti esta carta apocalíptica
Fujamos daqui antes de sermos novamente seus escravos
Longe podemos pescar estrelas no lago da noite
E alimentar com sonhos as nuvens já fartas do Sol
Só encontraremos a pós cavarmos os cavalos seus esqueletos de relógio
E o mecanismo de formigas fugirá nas mãos derretidas
Não quero mais chorar, disse o céu antes do dilúvio
Tudo se resolve nas estátuas dos cemitérios
E suas flores dormidas no tédio da tarde.

Eu não sou mito de tétrica cirrose na festa
Durmo no embalo da lástima mais breve da deusa
A fada canta e de pálida me lua enterrado
Pós das latrinas devoram a caveira do espaço.

Eu não sou mito de lápide no raio que o parta,
Eu acredito nas pétalas de Sol desta carta.

Distraidamente,
Marra Signoreli

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Um poema do livro "Susana -3 Elegia e Inventário" de Geraldo Mello Mourão

"e tua voz se ouvia
através das paredes e era
a voz da estrela onde
o rouxinol um dia fez seu ninho:
as raparigas celtas temperavam na garganta
esse murmúrio numinoso
quando
inauguravam na boca o desenho
da primeira dança:
à sua melodia as ninfas
naquele tempo
viam
partir-se o coração da rosa quando
o coração do silêncio partia o seu cristal
e aparecia a tua voz:"

(Mello Mourão, Geraldo. Susana 3 Elegia e Inventário, pg. 28 Edições GRD)

PS: Eu juro ter tentado ao máximo manter a disposição espacial original do poema: "quando" deve aparecer alinhando ao "o" de "numinoso" e "viam" alinhado após o "o" de "tempo", alinhado ao "a" de "as" no segundo verso anterior a ele.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Coisas a não se dizer.

O primeiro parágrafo foi um projeto abandonado, o segundo foi um pensamento avulso, se houve unidade foi casual:

Os problemas estéticos, bem como as complicações metafísicas, os problemas com a religião e com a inspiração, com a força de um trabalho e com a força maior da fé sempre me incomodaram como se incomoda, na vida contemporânea, com questões como amor e trabalho, isso seria um problema de ser dito aqui abertamente, pois estou cada vez mais convencido do seguinte problema: por mais aderentes ao discurso da admiração sobre a intelectualidade as pessoas (e principalmente as mulheres) estão, ao medirmos a sinceridade disso veremos uma escassez no afrodisíaco do intelecto. Entenda, eu trunquei um pouco a linguagem por motivos óbvios, não quero que certas pessoas entendam o conteúdo de certas passagens do texto, mas se quiser tratar a questão por puro pedantismo, ok.

Eu poderia ter decidido não escrever, ou mesmo se tivesse decidido escrever, não me importar. Não é assim o feito hoje em dia? Não é isso o apresentado aqui? Tudo menos eu, poderia ter resolvido não sofrer, ter abandonado o mito da existência quando não estava preso a ele, seria tudo, seria feliz como o é qualquer um, e se não o fosse poderia usar dos entorpecentes químicos ou psicológicos para alcançar isso, mas não seria eu, e assim me conheço como indivíduo e tomo consciência de mim em frente à noite dessas eras. Deixo que me julguem, pois tudo além de meu coração e suas coisas é o silêncio.

sábado, 9 de agosto de 2008

Conclusão para uma conclusão circular

Se eu não fosse tão passional com algumas coisas ou pessoas, elas seriam bem mais fáceis de lidar...

Outras não.

Esta tendência para a resignação é desconfortante.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A pessoalidade e o raciocínio delirante, ou a conclusão da cama.

Passaram, na minha cabeça, vários conceitos prontos para serem contestados por culpa de um incômodo agora sentido por mim, um dos primeiros foi o de justiça, e daí fui até ao conceito de escrever bem (tá certo, esse aí é bem deformado hoje em dia), no entanto esconde-se atrás dessas críticas sem o menor grau de academicismo a conceitos contra os quais os filósofos se jogam, e não eu, algumas noites mal dormidas, a obsessão pela beleza e pela perfeição junto a certas frustrações (frustrações até por conseguir fazer algo bom e não conseguir fazer algo tão bom depois), o trauma – e a lição de vida – por estar lendo um dos maiores poemas da literatura brasileira, a consciência me cobrando as coisas necessitadas de serem escritas, uma outra obsessão pela comunicação e pela coerência junto a pessoas cegas e incoerentes, e pessoas cegas e incoerentes com as quais preciso me relacionar, preciso ser gentil, não por trabalhar como atendente de uma clínica psiquiátrica, pois eu não trabalho em clínica psiquiátrica, não impedindo o fato a convivência com loucos.

É mais interessante para você, caro leitor sendo tratado por um fato sincrônico da língua portuguesa do Brasil, o último fator citado no desparágrafo disparado anterior, pois além das minhas noites insones e minha vida literária não lhe interessar ainda (e coloco esse ainda com a maior humildade e certeza de um trabalho duro) a maioria de nós possui o horrível prazer em não cuidar de sua própria vida pessoal, portanto fá-lo-ei a parte da última razão para o meu incômodo.

Há tempo me sinto sozinho, não a solidão agradável da auto-suficiência para a visão das coisas e da elaboração de um plano metafísico próprio e a cosmogonia interna para a fundação de sua própria mitologia, no sentido aristotélico de mito, (falar disso me dá prazer o suficiente para não querer parar de falar) mas a desagradável solidão do sintoma de um dos problemas de comunicação. Não a guerra, tampouco a revolução, mas a crise, não ter por onde dar ou receber o misterioso som do imperativo realizador de nossa racionalidade... ou talvez algo não tão drástico, talvez o simples sentimento humano e comum de solidão, resumido em poucas palavras ou em grandiosos textos pertencentes a poesia dos homens e das coisas, a fraca irritação da adolescência, resolvo-me assim no intimismo de falar da minha cama, a minha cama me é vazia ao ponto de fugir dela quando estou sonâmbulo, e as pessoas são vazias como a minha cama, fogem de mim as pessoas como fujo da minha cama, e eu as desejo como a minha cama me deseja, não consigo me relacionar bem como não consigo dormir bem, mas consigo me relacionar assim como a insônia não é eterna, tenho a minha cama como as pessoas me tem, e amo coisas da minha cama como algumas pessoas me amam.

Como chegamos a um raciocínio delirante, há uma conclusão possível: as pessoas desejam a mim na cama... ou pelo menos eu desejo-as desejando isso.

Me sinto bem melhor agora, vou escrever uns versos.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

terça-feira, 29 de julho de 2008

A coisa no RU.

Este diálogo é veridicamente verídico, ocorreu no mês passado, quando, aguardando uma aula que ocorreria a tarde, eu e meu amigo Maxuell fomos almoçar no RU (Restaurante Universitário) e travamo-lo:

Maxuell: João, o que é isso?
Marra Signoreli: Sei lá, velho.
Maxuell: Posso colocar no seu prato? Você já parou de comer...
Marra Signoreli: Não sei não, heim... parece que tá mexendo...
Maxuell: Se começar a andar a gente corre.

Inclusive, hoje no MSN relembrando o antigo fato:

As vezes nos falta coragem,as vezes,medo. diz:
isso..........e mexia mesmo
Marra Signoreli diz:
mexia!
Marra Signoreli diz:
mexia, que eu lembro...
As vezes nos falta coragem,as vezes,medo. diz:
o que era aquilo......
As vezes nos falta coragem,as vezes,medo. diz:
meu deus
As vezes nos falta coragem,as vezes,medo. diz:
João,outro dia vc me disse que se converteu.....
Marra Signoreli diz:
cara, era algo parecido com uma gordura de carne, sei lá, deve ser dos testes do pessoal da agronomia...
Marra Signoreli diz:
Sim

Minha conversão nada tem a ver com a coisa que mexia no RU.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Vamos rir de nós mesmos e fazer de conta...

Alargamos as faces, alegrias,
temos desígnios, somos superpostos;
e entretanto nos rimos, somos frios
apraz-nos que nos tombem e zombamos
dos nossos pobres golpes, com cueiros,
comendo coisas tenras e merendas,
ainda somos meninos, ainda somos
meninos impossíveis e possíveis:
- faz de conta que somos homens feitos.

(Lima, Jorge de ; Invenção de Orfeu – Canto II Subsolo e supersolo; XIV; 22ª estrofe; Pg. 118 Ed. Record.)
PS: Quero ver depois dessa citação você ainda não conseguir encontrar a estrofe citada.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Peripécia

Em A Poética, de Aristóteles, temos vários conceitos (sim, eu me gabo pela nota máxima em literatura), e dentre eles, um bem interessante é o tal da peripécia: a palavra sugere "fazer uma volta, circundar", e o conceito é "mudança repentina dos acontecimentos". É, como já diria meu mestre e professor de violão, quando os enganos absolutos não significam nada. Você é o mais alto dos homens, Édipo, e um dia se descobre incestuoso e cego de seu próprio destino além de cego de seus olhos, lhe é dada as cinzas.

Mas em pleno início do século XXI (o que vocês estão achando da primeira década?), nos descobrimos livre dos antigos conceitos literários, nossa vida não é mais uma tragédia grega e não vamos um dia depararmos com o assassino de nosso pai em frente ao espelho, mas as coisas não estão tranqüilas, fico imaginando hoje quando passei mal provavelmente do fígado, sobre como as tragédias nos ensinam e entanto elas estão substituídas pelos livros de auto-ajuda, é como uma literatura lisérgica substituindo verdades (mesmo sendo verdades in illo tempore) por alucinações confortantes, ainda penso ser a arte inútil, sobretudo aquela feita com as palavras, mas penso naquela comparação do conceito de catarse com a última função da literatura descrita por Umberto Eco, a purificação por meio do terror e da piedade pode sim nos ensinar sobre o destino e a morte.

Estou sentindo necessidade de escrever, pena estar com os olhos doendo, mal-estar, meio enjoado e com medo de que forçar as vistas me provoque um vômito, mas talvez seja um risco pelo qual vale a pena correr...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A forquilha de seu nome - em prosa.

Olhei-a, incógnita ela era, seu resultante invisível, precioso. O mais interessante das incógnitas é, não o fato de não sabermos o valor delas, mas delas não saberem nosso valor. O cálculo infinitésimo da distância da estrela em função de um tempo relativo? Não, nada disso, era uma equação a parte, a segunda letra geralmente usada nas equações do ensino médio, quando não se pode usar a primeira, já tentei encontrar motivos para essa equação, mas é a tentativa de calcular minha lágrima, sempre...

A lágrima é a lúcula dos homens deste tempo, quando tudo está bem, é a luz a mácula, eis as dúvidas rindo por acharmos estarem enterradas, e ela, a incógnita me sorrindo entre os dentes de estrela com seus abraços inexistentes, ela fala comigo na noite pequena, às vezes ela fala sobre aguardar outra noite, a noite eterna, na qual não só nós dois, mas todos estarão dormindo à sombra dos mares-crepúsculos.

Eu a beijo em meu sonho e ela recua, tento lhe escrever um soneto com três buquês de rosa, mas sou pobre de dinheiro, sua rua fica ali em um céu perto, ela se cobre de símbolos enquanto faz seu chá para ser derramado nas alfombras míticas azuis do universo e anoitecer, ela nunca me mostrou as asas, mas já a vi voando em ave, quando em diversas contas ela me vem com cálculos renais e para fazer-lhe companhia no hospital eu mando um par de olhos, os mesmos olhos dirigidos para cada pedacinho de sua resolução.

Para os homens ela é morta... para mim? Rá! Perguntas ainda? Conhecei-a, um cometa, apenas, pérfida lágrima cósmica em túmulos fingindo ser boneca e em cada nota de cada música o silêncio de uma pausa invisível de quando não há pausa, em meu caderno é plenitude, incógnita. Olhei-a.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

A irresponsabilidade das áspas...

Certo, descartemos todos os grifos e anotações aleatórias fingindo parte de alguma coisa, não fiz o trabalho para amanhã, trabalho inclusive com data de entrega para quarta-feira passada, mas prorrogado para amanhã... por que? Porque eu sou um irresponsável, que não está nem aí pra nada, aquele sem vocações para as coisas, que sequer se dá ao trabalho de fazer um trabalho para o curso de letras, trabalho este valendo dois pontos. Imaturo demais para uma vida acadêmica.

E eu estou com raiva, com raiva por não conseguir escrever o soneto pairando na noosfera de meu encéfalo por conta de uma falta de tempo (porque a técnica, a estrutura e o conteúdo estão aqui, mas o tempo para arrumar tudo...), raiva por, além disso, não conseguir estudar música o suficiente e minha mão esquerda estar problemática, estou com muita raiva de ter de me prostrar diante a mediocridade como um rendido, sem ter nem coragem de reclamar por repreensão da consciência, o grilo maldito da rendição conselheira, estou com raiva pela insensibilidade, pela simplicidade infantil dos sentimentos das pessoas, pelas minhas mãos atadas, por eu estar sempre errado e não conseguir tempo livre para fazer o trabalho e o pior, ter que disfarçar todo meu sentimento de angústia nessa desculpa e ainda aturar a existência de pessoas lendo isso crentes de que estou angustiado por conta de um mísero trabalho de faculdade. Não farei o trabalho de amanhã para a faculdade, mas o soneto sim. Pontos eu recupero depois...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Palestra interessante de hoje.

Prf. Felipe Valoz veio dar uma palestra para o pessoal da Emac, uma palestra bastante interessante e bastante incômoda à nossas certezas, mas quase ninguém estava lá, um amigo meu foi lá, mas achou mais importante tentar ficar com uma menina, outros não vieram por motivos diversos, outros, sabendo da palestra, acharam que podiam faltar... no fim, poucos.

Mas foi um dos momentos mais importantes para a minha formação, não obstante aquilo só confirmar minhas certezas quanto a música de massa, aumentar minhas dúvidas quanto o caminho da arte dentro da academia e dar aquela sensação de formiga perante a estética.

Coisas que eu peguei na palestra e quero refletir:

A linguagem é objetiva e, pensando a arte como sendo também um veículo de comunicação, algo deve ser comunicado por meio dessa linguagem, algo, portanto, pode ser analisado, no entanto, o fim daquilo é subjetivo.
O acorde místico é subjetivo para Scriabin, é problema dele o fato de ter conseguido aquele acorde por meio de cálculos transcendentes e chegado a um som místico, um acorde belíssimo, certo e de fato é algo incômodo e, pelo menos para mim, tal fato é significativo, mas o que nos importa realmente é ele ter feito algo com aquilo, trabalhado aquilo, é lá que a coisa vai se dar e lá que haverá comunicação, sobretudo com a mônada de cada um. Isso que realmente nos incomoda... eu posso passar algo de minha crença e irei sob forma de linguagem incomodar o sonho e o mistério das pessoas.
Aí está a arte.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Leite com chocolate

Certas profissões que tu escolhes mudam tua maneira de ver as coisas.

Não todas.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Nocturnal after John Dowland - Benjamin Britten (1913 - 1976)

Vou colocar o link desta maravilhosa peça aqui para os meus amigos baixarem,
fiquei querendo mandá-la pra todos os meus amigos, mas não deu, afinal, a
peça é um pouco grande para mandar pelo gmail, MSN daria se eu não estivesse
aparecendo pouco...

Aí fica para quem visitar o blog baixar a peça também, preciso dizer se é
boa? Trata-se de Benjamin Britten sendo tocado por Juliam Bream!

O link

PS: O Nocturnal não possui interrupções entre as partes, então recomenda-se
organizar um PlayList para que você possa ouvir as faixas em seqüência, sem
ter a interrupção para abrir a outra faixa...

sábado, 17 de maio de 2008

Diálogo à toa 1: Ubiratan e Marra.

Ubiratan diz:
O Rodrigo é esperto, viu?
Alf diz:
bom, rendeu em outro lado
Ubiratan diz:
Que outro lado?
Alf diz:
ele ficou na cabeça com aquela coisa de você ter dito pra ele
Ubiratan diz:
O que???
Alf diz:
que a aula de análise era desmontar relógio
Ubiratan diz:
Era uma brincadeira, achei que ele tivesse levado isso dessa maneira.
Alf diz:
acho que no fim de tudo levou mesmo...
Ubiratan diz:
Eu me referia a Pierre Boulez com esse negócio de bricoleur...
Ubiratan diz:
Bircoleur é a metáfora do cara que analisa a música como quem desmonta um curioso relógio. Boulez ironiza isso.
Ubiratan diz:
E Debussy também.
Alf diz:
Boulez deve ser um chato no dia a dia dele, rs
Ubiratan diz:
COOOM CERTEZA!!! Boulez deve ser um saco.
Ubiratan diz:
Ironiza tudo, desconfia de tudo, nada está do jeito que ele quer, tudo deve ser objeto de análise, nada deve escapar a sua ótica...
Ubiratan diz:
Um saco.
Alf diz:
pois então
Alf diz:
nem ele deve se agüentar
Ubiratan diz:
Ler Boulez é um saco.
Ubiratan diz:
Noooossa, demais...
Ubiratan diz:
Mas ele tem razão no que diz, infelizmente...
Ubiratan diz:
INFELIZMENTE...
Alf diz:
o que ele diz que tem razão?
Ubiratan diz:
Gostei quando ele citou Debussy, dizendo que ele tentava "ver, através das obras, os movimentos múltiplos que as fizeram nascer e o que elas contêm de vida interior", e que isso "não tinha o mesmo interesse que o desmontá-las como curiosos relógios."
Alf diz:
ele deve ter razão nisso aí mesmo
Alf diz:
o que não quer dizer que seja ruim
Alf diz:
até porque a imagem de desmontar relógio me é acompanhada de uma imagem de manipular o tempo
Ubiratan diz:
Debussy disse: É preciso procurar disciplina na liberdade. Boulez completa: Mas só há liberdade dentro da disciplina. É lindo. E funcional...
Ubiratan diz:
Mesmo?
Alf diz:
é claro
Ubiratan diz:
Manipular o tempo?
Alf diz:
o que de fato acontece
Ubiratan diz:
Como assim?
Alf diz:
quando o artista desmonta a peça ele manipula dentro não só os elementos da peça
Ubiratan diz:
Mas também...
Alf diz:
mas séculos e eternidades de tradição musical
Ubiratan diz:
Análise musical é uma atividade perigosa, na medida que se pode atruir a elementos razões que não existem...
Ubiratan diz:
Ligar tudo a qualquer coisa dentro de uma obra é bonito, mas perigoso.
Alf diz:
elementos não tem razões de início, mas tradições
Alf diz:
afinal, não estamos no meio do nada
Alf diz:
só usamos motivo, tema, etc por questões de tradição
Ubiratan diz:
Isso mesmo.
Ubiratan diz:
Eu vivo me propondo outra forma de compor.
Ubiratan diz:
Não se deve ficar atribuindo razões numa obra, se o compositor tivesse parado pra organizar tudo aquilo segundo uma lógica tão ferrenha, segundo uma unidade tão rigorosa, não teria saído sequer do terceiro compasso.
Alf diz:
A racionalidade tem que estar presente na obra, mesmo quando o nosso racional aparece de maneira pura, quando não pode ser posto em palavras.
Alf diz:
A coerência de uma obra não corresponde ao fato dela significar alguma coisa, mas o fato dela ter lógica, isso emociona, é uma loucura inerente a todo o ser humano.
Alf diz:
É poético mais que tudo.
Alf diz:
E o fato dela ter lógica não corresponde ao fato dela ter ou não um sentido claro e dizível, como tentei dizer nas mensagens acima...
Ubiratan diz:
Claro que o compositor tem consciência de seu processo, da sua intuição, mas certas coisas sao fruto do acaso e não tem qualquer relação com o que veio antes, ainda que posteriormente possam ser facilmente ligadas à idéia primordial por um bom bricoleur, pelo simples fato de funcionarem muito bem dentro do contexto...
Ubiratan diz:
Sim, sim, sim, sim, não estou aqui defendedo a falta de razão no processo criativo.
Alf diz:
se são ou não feitos pelas mãos do acaso e não do compositor, pouco importa, a obra diz aquilo e fim, se formos procurar o que o compositor quis colocar lá estariamos em uma aula de "partituromancia" e não de análise musical...
Ubiratan diz:
Eu estou falando de atribuição de sentidos inexistentes a uma obra. O compositor está longe de ter domínio sobre tudo o que acontece na obra.
Ubiratan diz:
Não estou dizendo que a gente deve identificar onde está o fruto do acaso numa obra, só estou dizendo que e gente deve parar de ficar ligando tudo a qualquer coisa, certas coisas estão ali e funcionam bem, são fundamentais dentro do contexto, mas não tem relação alguma com a idéia primordial, não nascem dela.
Alf diz:
Existem fatores até místicos aí no meio, mas isso não é nosso campo, nossa tarefa é compor e enxergar a composição das obras.
Ubiratan diz:
Não quero que se analise as intenções do compositor. Isso não importa tanto.
Alf diz:
Ninguém analisa intenção de compositor.
Ubiratan diz:
Pois é.
Ubiratan diz:
Mas quando se faz música se pensa MUITO MAIS ALÉM dos mecanismos internos.
Ubiratan diz:
Eles são fundamentais, mas não encerram uma obra.
Alf diz:
Mas a relação das coisas na obra tem de ser analisadas, ora, é como um texto escrito neste ponto, se o tema é maçã e lá na frente ele começa a falar das características de uma planta é para se referir à maçã e concluir o texto.
Alf diz:
De fato, numa obra musical quase tudo escrito lá é referência a algo escrito antes, isto está na base da composição da música ocidental, que se formos fazer referências e referências vamos chegar lá na lógica aristotélica...
Ubiratan diz:
Então tudo bem, vamos fazer de conta que tudo se resolve dentro de um método. Faz de conta que basta ter uma idéia e pronto, e resto há de sair dali mesmo, que é só uma questão de aplicações que a lógica interna flui por si só.

Alf diz:
Nem tudo se resolve dentro de um método e não basta ter uma idéia e pronto.
Alf diz:
Porque essa questão de aplicações de uma lógica interna
Alf diz:
Vai para o infinito, simplesmente.
Alf diz:
É por isso que um computador não compõe.
Ubiratan diz:
Tudo bem, tudo bem, tudo bem.
Ubiratan diz:
O músico, quando pretende entrar em introspecção analítica, é sempre suspeito.
Alf diz:
e Boulez é um chato de galocha
Ubiratan diz:
Demais.

[...]

É claro que nenhum de nós dois acha as músicas de Boulez chatas.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Se pensarmos bem tudo saiu daquele pequeno motivo, no fundo a existência é a música sob a metáfora de vista dos ornamentos.

sábado, 10 de maio de 2008

Ontem fui a uma apresentação de teatro na qual meu amigo estava participando, matei aula de música para isso e sim, ter matado aquela aula me deixou muito triste, no entanto a apresentação também foi muito boa, fato para aliviar um pouco mais minha consciência. Falando não sobre a apresentação de ontem, mas de meus sentimentos, estou até agora com Tabacaria (poema recitado ontem) na minha cabeça, pois tal poema não é apenas um poema belíssimo, mas é também um poema traumático, uma peça como Pavana para uma criança morta de Ravel oferece o mesmo trauma, e a sensação deste trauma ficou em mim, percorreu meus sonhos desta noite e me incomodou no café, agora precisei ouvir a peça citada acima, tenho-a aqui em meu computador.

Já postei aqui um link para Tabacaria, procurem...

Aqui você pode baixar Pavana para uma criança morta num cd com outras músicas junto...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

¬¬


O que vocês digitariam?

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Qual é o cúmulo do dodecafonismo?

Schöenberg entrar num bar e pedir uma tônica.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Oficinas de Música - EMac / UFG

Está disponível agora o sítio das Oficinas de Música da Universidade Federal de Goiás, estas oficinas são uma expansão da Escola de Música e Artes Cênicas, uma das instituições mais tradicionais no ensino musical e que está em funcionamento desde 1960...
http://www.musica.ufg.br/oficinas/

domingo, 6 de abril de 2008

Troféu joinha para Kryzler & Kompany.

Pela otakolização de Ravel, Kryzler & Kompany merecem o troféu joinha, esta é uma das coisas mais ridículas que pode ser feitas no campo da música. Para o tormento dos esqueletos de Maurice Ravel remexendo de dor no túmulo, coloco aqui neste blog um dos cocôs flutuantes correndo no YouTube.



Afinal, tem gente querendo matar a criança da Pavana, outras querendo transformá-la em anime...

Ravel é um compositor injustiçado, pois além de ser conhecido como o compositor do bolero, sacaneiam a Pavana dele. Estou até com a consciência pesada, pois a Pavana é uma das peças mais lindas já feitas neste mundo, eu sou um apaixonado por esta peça e vou tocá-la, inclusive, em um duo de violão.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Enquanto eu estava grifando as idéias principais de um texto para depois fazer um fichamento do mesmo para a faculdade, me veio aos ouvidos vozes de espíritos malignos (ou a voz de minha consciência mesmo) criticando a leitura terminada hoje do livro "A Balada do Cárcere" de Bruno Tolentino. É um livro de poemas (na verdade, o livro é um poema), portanto eu com certeza não terminei de interpretar uma obra a qual ninguém provavelmente irá terminar a bendita interpretação até pelo menos o decorrer dos meados deste século, mas mesmo assim as vozes malignas de minha consciência polifônica vieram me lembrar de uma sensação de vazio adquirida após a leitura do poema, não parecem absorvidas em minha esponja cognitiva as idéias contidas no poema, não obstante o fato de eu ter achado lindo tudo aquilo, uma verdadeira música na verdade. Acredito no cerne daquilo tudo possivelmente capturado pelo meu subconsciente e mais; acredito na maldade dos poetas quanto a isso, maldade minha também.

...

[04:34:41] Marra Signor: quando eu conhecê-lo, eu gostaria de evitar
certos diálogos como
[04:35:21] Marra Signor: -Alexei, meu nome é João, eu gosto muito da
sua obra...
-Olá João, poderia soltar minha mão, por favor?
[04:35:44] Amélia: hiuahaiuhaiuahiaua
[04:35:50] Amélia: excelente essa!
[04:35:52] Amélia: posta!

...

Tô com uma dor de cabeça...

quinta-feira, 6 de março de 2008

Dois parágrafos

Fui pegar o 020 no T. Praça da Bíblia, o relógio anunciava mais ou menos uma hora da tarde, o dissonante treze impregnado no tempo e eu entrando no ônibus junto com aquele fluxo ininterrupto de gente entrando entrando e entrando e empurrando e jogando a gente para cima dos assentos, acabei caindo em um assento ao lado de um sujeito um tanto arrumado, parecendo ter sua situação financeira parecida ou mais favorável que a minha. Ele era, de fato, um rapaz com roupas comuns: calça jeans, boné, camiseta ilustrada, tênis e barba jovial... Nada de importante, fiquei na minha, foi quando apareceu um homem metade desarrumado metade nem tanto, com boné, camiseta vermelha sem mangas, bermuda e chinelo, ele tinha uma feição de garoto de rua com uma feição de marginal favelado, típico cheira-cola, afinal ele cheirava a cola, junto a ele estava uma moça, esta prefiro resumir: ou ela saiu de um romance naturalista bem a moda brasileira ou dos quintos do inferno. Os dois fediam, mas não me importei, apenas me retirei do banco pedindo a um deles para se sentar e fui ficar de pé, até meio com remorso de um certo preconceito tido por eles, além do mais, os três conversavam entre si e eu estava odiando aquilo, a conversa envolvia palavreados e impropérios que eu não estava gostando, pois, estava de pé e aquilo não estava me incomodando mais... o tempo de uma aposiopese passa e eles começam a incomodar, não só a mim, mas todos no ônibus, a segunda pessoa descrita neste relato era um drogado que resolvia se intrometer nas conversas das pessoas, ameaça-las e bater na janela querendo impor alguma coisa, falava mole e xingava, a moça era um demônio, além dela irritar a todos com o estrepitoso barulho de sua boca a mastigar algo gosmento, falava alto palavrões, ria do drogado e de uma quarta pessoa não descrita neste relato, quase estas pessoas foram expulsas do ônibus, pelo menos estas poderiam ser expulsas, mais à tarde, no ônibus indo do Centro para o Veiga Jardim, vi uma invasão de vários cheira-cola, eram muitos, tantos que eles passavam por baixo da catraca usando do medo do motorista para ele não fazer nada, além de xingarem e ameaçarem uma ou duas pessoas do ônibus, enojavam o ônibus inteiro com o odor que vai de cola à urina. Não era agradável ver principalmente os trabalhadores e senhores que pegam aquele ônibus fazerem de tudo para tapar o nariz enquanto eram desrespeitados... A título de curiosidade, peguei nove ônibus hoje...

Naquela manhã, eu estava lá observando um trabalho de extensão ser defendido entre emoções, feminismos e política dentro da Faculdade de Letras, já havia observado antes uma apresentação de projeto, não me lembro se era um início de um projeto de mestrado ou se era uma apresentação de conclusão de curso, lembro do tema, que era: A Função Social da Arte, com base em um livro de Victor Hugo chamado em nossa língua materna de “Os Miseráveis”, lá uma das meninas da platéia que já havia apresentado antes seu trabalho disse que se a arte se manter no campo da estética ela irá se acaba, pois nosso tempo anda fascinando-se mais com a tecnologia e com os trabalhos sociais, fiquei entristecido com o utilitarismo daquelas palavras e daquela apresentação. Eu amo a estética, eu valorizo o inútil, eu existo como homem e não quero virar máquina.

quarta-feira, 5 de março de 2008

O fugato grosso e uma grande fuga...

Repetidamente estou ouvindo a Grosse Fuge de Beethoven, esta foi, se não estou enganado, a última composição deste Músico. É linda... Tudo começou em uma manhã de domingo, eu acordei, tomei café, andei pela casa feito uma barata tonta, pensei em escrever e acabei dormindo de novo, acordei de novo, fui ao banheiro e ouvi gritos, fui ver o que era, ele estava destruído...
Meu violão quebrou, na hora nem pensei nisso, tornou-se um clima tão pesado, fúnebre e repleto de angústia na minha casa, chegando, inclusive, na casa da minha avó, que nem pensei no violão, a ficha só foi cair depois, bem depois de eu ter ligado para o meu professor e falar de meu desespero... Calma, vamos dar um jeito, e damos, um amigo meu me emprestou o violão dele (meus sinceros agradecimentos a ele), no entanto eu vou precisar de um novo violão antes das coisas caírem na minha cabeça...

Fiquei, no entanto, três dias sem estudá-lo, minha semana começou sexta, passou por sábado e pulou para quarta, não deu tempo de estudar a Pavana do Ravel para amanhã, isso deixa gente chateada, mas a maior chateação é comigo mesmo, além do mais, soube que vai sair um violão de um luthier goiano para final deste mês, mas o preço é 2.500 reais, como eu vou arrumar este dinheiro para o final deste mês eu não faço a menor idéia...

As coisas estão difíceis, começou com um violão quebrado, meu celular estraga, a chapa onde esquento os meus pães com manteiga quebra, quero chamar um amigo para sair e desabafar e isso só foi possível domingo, pois além do celular estragar, minha internet some, só reaparecendo hoje, fiquei portanto, com as únicas opções: escrever (graças a Deus eu tenho esta opção, mesmo sendo na madrugada), tomar café, ir para meu primeiro período na Faculdade de Letras e tentar resolver minha vida...

Estou triste, ninguém sabe como eu fico por não ter estudado mesmo sendo vítima das causalidades, e uma coisa que eu só tenho a prestar contas comigo, um louco desleixado e perfeccionista que sabe perdoar a todos, menos a si próprio...

Vou continuar a ouvir Beethoven, que segundo meu amigo Guilherme é a razão de minha mente doentia...

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Divagação do vôo

Ao Pássaro de Argila

De nada sabe um pássaro do mundo,
No vôo etéreo feito com estrelas
Das coisas nada sabe, pois a vê-las
Dissolve em vento como o tão profundo

Silêncio em voz dissolve pelo imundo
Vidro, a mortalha calma das janelas,
De nada um pássaro a passar por elas
Sabe com suas asas. Pelo fundo

Do céu meus olhos vão, mas se eu soubesse
Ser pássaro também e descobrisse
Deixar a metafísica e segui-la

Voando como voa a minha prece,
Talvez sonhasse como o céu de Alice
No definível ápeiron da argila...

João Antônio Marra Signoreli

Respeite os direitos do autor.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

“Só, incessante, um som de flauta chora...” Camilo Pessanha

Fico pensando neste verso do poema Ao Longe os Barcos de Flores deste poeta, guardo por ele um carinho e ele, talvez, por mim guarda um caminho oculto naquele adjetivo que não concorda com ninguém, um caminho de flores...

Seja de flor o caminho e seja o carinho uma flor, as coisas parecem perder a importância quando, entristecidos, saltamos às pétalas do significado esparso pelo tempo e achamos ser mais que uma metáfora na grande alegoria da existência...

Às vezes não concordamos com ninguém...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Crescer, quando falei esta palavra o meu leitor agora deve estar pensando em uma divagação sobre a maturidade com direito a citações da "madureza" de Drummond daquele soneto Ingaia ciência, ou pensando ver uma reflexão profunda sobre a fugacidade da vida e sobre a perda sutil da inocência no decorrer da existência, mas não é nada disso por enquanto... (Eu disse por enquanto), estou me referindo a crescer no violão, sabe, sempre fui aquele menino que ninguém dá muita moral. Nunca fui bom de bola, então não me chamavam para uma pelada e nem uma pelada nunca me chamou... a atenção, pois não gostava nem gosto muito de esportes além de xadrez, o que não quer dizer que eu não goste de correr ou andar, não sou nenhum preguiçoso... enfim, voltando ao assunto, eu sempre fui aquele menino da mansarda, ainda que não more nela; o que não nasceu para isso; só o que tinha qualidades*, e isto sempre me deixou, mesmo no primeiro momento triste, num momento posterior acostumado...

Agora vem uma fé de meu professor, uma fé de amigos e uma fé minha, eu vou passar no vestibular para música, ainda não sendo grande coisa para alguns, para mim é, pois faz parte da minha vida, por isso preciso crescer no violão...

*Referência ao poema Tabacaria de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa) que inclusive é muito bom, recomendo a leitura agora, se for possível! Cadê o site? Gente, onde eu coloquei aquele site?! Ah, aqui: O link!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Apesar de não me sentir muito lúcido para escrever este texto, e para a composição de um texto é necessário o mínimo de lucidez do autor (se bem que o mínimo de lucidez eu tenho agora) eu vou escrever o que preciso escrever hoje.

Hoje eu saí com o Flávio e com mais uns amigos, voltando agora (o horário do blog não é muito exato, deve ser mais de 11 da noite), vou sentir falta dele, pois ele vai morar em São Carlos, que é longe pra caramba! E quem sabe quando vamos nos encontrar de novo, nas férias talvez...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Bom, posso escrever agora algo um pouco mais extenso, o que provavelmente fará meu leitor não querer ler o escrito aqui, e vou seguir talvez o padrão diário inerente aos blogs tradicionais desde o "Livro do Desassossego" de Bernardo Soares (Fernando Pessoa), o primeiro blog da história... (sim, era para ser engraçado).

A minha preocupação nos dias que se passam é algo já comentado pelo meu professor de violão, uma tal de tendência à auto-sabotagem: você passou seus primeiros meses de vida em um lugar agradável, do nada acontece um trauma, tiram você de lá, uma luz forte bate em seus olhos, sentidos estranhos começam a vir e ainda por cima violam a santidade de suas nádegas com o único intuito de lhe fazerem chorar. Agora e para sempre o ex-bebê é um cidadão traumatizado, quando as coisas começam a dar certo e você começa a se sentir como se estivesse seguro e aconchegado no ventre materno a vontade de acabar com tudo vem, pois há um medo de outra vez dar tudo errado e a luz da vida arder outra vez nos seus olhos...

Comigo, além do fato ditado no parágrafo acima (sim, não obstante o fato de não conter o chamado claro de entrada, isto aqui ainda é um parágrafo), eu passei um tempo me sentindo em um filme de comédia no qual a graça estava em ver a desgraça do cidadão, as coisas aconteciam de maneira inusitada e as surpresas não eram boas, estava já meio conformado em ver as coisas darem errado, começando a me sentir mal quando simplesmente as coisas viram, tudo começa a dar certo, eu passo no vestibular, começo a crescer de verdade no violão, começo a ter idéias na poesia de maneira mais freqüente e a inspiração tem se mostrado cada vez mais como parte de mim, isso além de outros assuntos mais pessoais, e eu começo a me sentir mais seguro, começo a ter mais fé e até a me achar mais bonito...

Ainda não me acostumei com isso tudo, estranho, mas estou adorando, é claro, os projetos e as coisas irem bem, mas não quero que nada disso acabe, e me vem a preocupação do primeiro parágrafo. O que posso fazer? Deixar os ponteiros regerem no seu andamento as cores do céu e seguir em frente...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O horário de verão...

Uma hora que volta do infindo vindo nos dar a boa noite...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A primeira coisa...

Seguinte, diga nos comentários a primeira coisa que vier à sua cabeça, qualquer coisa por mais absurda que seja, como "peixes de picles fritos"...
Vamos lá, pode começar...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Céus!

Alguém viu onde aquela estrela caiu?

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Música...

A música composta para eu apresentar amanhã na aula já está pronta, ela é as duas páginas (faltando a última linha) de um duo de uma música do Ravel...
Mas falta um nome, apenas um nome... É difícil escolher o título quando ele para você é importante, mesmo a música sendo apenas uma coisinha simples... é difícil dar nome ao som...
É tudo só som, simples e sublime som...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Meu primeiro recital na oficina da UFG...

:}

"tu não te lembras da casinha pequenina?"


"tinha um coqueiro do lado..."


Tocando uma pecinha do Guerra Peixe: Menino da Congada.


E a foto no final do recital!

Heitor Villa Lobos - Bachiana Brasileira n5

Um nacionalismo que chega a ser universal e transcendente...

domingo, 27 de janeiro de 2008

A nuvem cinza

Talvez quando tive aquela epifania intrigante, quando estava digitando um texto aleatório e pronto: Deus existe, não precisava ter medo, não precisava sentir angústia da vida, não precisava temer a nada mais, ao sono, às coisas, ao futuro ou o passado, lá se vai a culpa, Deus existe, talvez quando a luz imaginária da fé tenha se revelado diante ao meu sistema nervoso eu precisasse ser outra pessoa...

Talvez eu precisasse ser outra pessoa quando vi em uma revista aleatória que estou no meu ano número 9, eu precisasse ser outra pessoa para dar margens a estas gnoses e deixar de lado tudo que é inútil, crer em oráculos, tomar vergonha na cara por ter sido um dos melhores alunos e não ter passado na UEG, enfim, olhar no espelho e ver novamente a face que um dia será perdida, e talvez mudar...

Tu és um fiasco como adolescente, João, digo a mim mesmo, mas não se preocupe se você acreditar na velha máxima: "só grandes artistas são capazes de grandes fiascos", Beethoven que o diga, talvez a vida dele nada mais foi que um grande fiasco...
Era necessário ser outra pessoa... Mas existe algo impossível de deixar de ser, algum raio de escolha feita quando eu nem pensava em pensar, algo que me fez desejar ser astrônomo até me descobrir poeta e músico, um artista insignificante, mas um artista...

Angustiado, sensível sim, aquele que tem insônia e olha a janela de madrugadinha com falta de ar, "pórtico partido para o impossível", como dizia Álvaro de Campos (Fernando Pessoa), a impressão é que é tudo alheio mesmo, impressão de eu não pertencer mais a este cenário temporal, só faltando em frente a metafísica Tabacaria, mas vou ser franco, deixarei esta angústia pessoal de anacronismos para mim e para o pássaro e das portas (como se tivesse mais que uma porta o.o) do meu quarto para lá serei forte como sempre no fundo fui... Avante, Signoreli!

Tenho que estudar, né? Este Allemande da Suite 1 (Bach) não se pegará sozinho!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A Coruja

a Bruno G. Duarte
Das vistas de Schönberg a luz, madrugada
Sombria era aquela, a manhã tão tardia,
Por sobre a janela raiar algum dia
Nos era impossível após a calada

Coruja em seu grito deitar, quando vi-a
Num manto infinito soltar magoada
Seu canto atonal que sumia no nada
Deixando algum mal nesta estrada vazia

De nosso relógio senti: a manhã
Findava nas penas que tinhamos todos
Escravos do tempo, esta incógnita vã...

Seu canto era o fim e as pessoas ranzinzas
Após este fim prosseguiam nos lodos
Cavando a existência até entrar pelas cinzas.

João Antônio Marra Signoreli

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Falando em doença...

Tomar vacina contra a febre amarela foi uma das piores coisas do meu dia, é fato, tomá-la foi um grande alívio ao meu pesadelo, mas alguém te dar a picada (e este alguém não é um mosquito) e sequer te falar: "foi lindo" é um abuso aos sentimentos de um ser humano, principalmente se esta pessoa for uma mulher, inclusive eu preciso pedir desculpas pelo momento gay, mas não pude perder a piada... (Sim, isto foi uma piada...)

O Pássaro quase riu...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

"[...] / pois pouco importa a vida como a levas / que ela te leva a ti de despedida / em despedida a uma lição de trevas." Bruno Tolentino

Em mim existe um grande paradoxo:

Eu estou ultimamente com uma angústia muito grande com relação a morte, sei que morrei um dia, este dia estando onde estiver e isso me angustia, mesmo eu tendo 18 anos e como diz meu professor de violão: “só se você for atropelado”, a angústia que isso me traz me tira o sono, me dá medo de fazer projetos, me dá medo de terminar projetos inacabados e me dá medo de ler Kafka e Dante... Ler Dante com este medo não é nada bom! Uma masturbação e você já é candidato a ficar no limbo, passar a eternidade no escuro com um monte de grego é a pena menor que você pode receber...

Ao mesmo tempo eu estou cansado de um monte de coisa, estou cansado desta época, das coisas deste tempo, falam da necessidade de suportar as coisas deste tempo, a música erudita não é a música do nosso tempo e tudo indica ser este tempo um tempo horrível para se viver, fazendo nas pessoas um desejo enorme pelo fim deste tempo... Não ando gostando de como as coisas vão, da vaidade das pessoas, de um comentário sobre meu poema... “as imagens andam desconexas”, comentário não vindo de pessoas como Alexei Bueno e Bruno Tolentino, mas de pessoas criticando até estes poetas! O paradoxo esta no seguinte fato: era para eu não querer está aqui e por isso não estar tendo esta angústia, mas não, eu quero viver!

Talvez Bruno Tolentino esteja certo no verso do título, de um poema chamado In Passim, este poema reflete a própria efemeridade da vida... belíssimo poema, com certeza um dos melhores da nossa língua...

Desculpem, amigos, sou um péssimo poeta, mas sou poeta e não posso parar de escrever...

domingo, 20 de janeiro de 2008

Rasga-mortalha & Schoenberg, que duo!

Estive meio alheio à minhas responsabilidades estes dias, saí com Bruno para nos vermos discutirmos sobre o blog e isto me levou a noitada de boemia mais um dia de agito, tudo bem, não foi bem assim visto que não sou de beber e que muito deste tempo foi bem produtivo, acabei passando na casa do Bruno a madrugada de ontem, com música erudita contemporânea, leituras da bíblia, de Jakob Wassermann e de Mário Ferreira dos Santos, para, no que seria o dia seguinte, irmos para a minha casa antes do show e darmos uma olhada no Pássaro de Argila (o pássaro e o poema), no poema In passim de Bruno Tolentino do livro Mundo como Idéia, no violão, na minha camiseta do Che Guevara (hahaha!) e na minha camiseta listrada dada pela minha avó e tanto amada por mim...

Vou tomar café, já volto!

Alguém já ouviu falar em uma coruja branca chamada pelo folclore de “rasga-mortalha?” Pois é, diz a supertição que ela avisa a morte, e segundo o Bruno, o seu piado avisou a morte de sua bisavó, para mim é apenas um passarinho piando, mas é bem assustador...

Estávamos nós, dois garotos inocentes na saída para Trindade ouvindo Schoenberg com um clima onírico, ótimo momento para não-dormir se você curte o dodecafonismo, além disso o sol já ia nascer mesmo, cheiro bom é o frescor do amanhecer! E nos píncaros (torneeei-me um ébrio e na bebida... ops, me desculpe, voltando...) da música acabamos por ouvir um escândalo feito por aquela coruja e pela peruca de Bach! Aquilo foi muito assustador!

Se alguém vai morrer, não sei... Ou melhor, sei que todos nós vamos morrer um dia, só não sei quando, como dizia um ex-professor meu de biologia: “a única certeza que você tem é que um dia tudo isso vai acabar!”, este mesmo professor falou sobre a rasga-mortalha certa vez, “o passarinho pia todo o dia”, dizia ele, “quando alguém morre botam a culpa no passarinho!”. Nunca pensei dizer isso antes até de saber se eu passei ou não no vestibular para letras, mas o fim do ensino médio me dá um certo ar de melancolia, e talvez seja o gerador de minha angústia sentida por estes momentos...

Bom, terei que voltar ao dedo tal na casa tal sem o qual não passarei no vestibular para violão...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Universaláctus

a minha dor de cabeça

No vão da via-láctea a caveira dos astros
Dissipa na luz da entropia, perdido
Meu sangue na via do cosmo retido
Persegue asteróides deitado em seus rastros.

Além, meus olhares tecendo os sentidos
Nos pés de uma deusa elevando outro mastro
Por onde com férteis cometas alastro
Plantando a existência a luzir os temidos

Abrigos de sonho se ascendem, silêncios
Nos ventos revoltam-se e a voz é o que vence os
Tecidos das dores no céu a envolvê-las,

Acordo e a janela procuro, vou firme
Há dores no escuro da luz a sentir-me,
Garoto, mais um, a observar as estrelas.

João Antônio Marra Signoreli

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

"A alma de um trabalhador é como um carro velho..." Mundo Livre S/A

Meu coração bate acelerado e minha ansiedade é tamanha, lembro do médico de Camaçari ter dito que eu tive uma expansão do ventrículo esquerdo, vai lá saber!

Pois é, djow, fiz um novo blog e prometo pegar um pouco mais leve com este, sabe como é, um cantinho para escrever qualquer coisa, escrever sobre a viagem da Bahia e sobre algum jogo do Master System, (Wonder Boy, que maravilha!)... Pô, conversando aqui com meu amigo Toscano, eu quero o Pitfall – The mayan aventure para Windows! Ah, meus tempos de joguinhos...

Às vezes, penso eu, acho que as notas da partitura se personificarão e começarão a tomar café enquanto me mandam estudar lento, nada, é claro, fora do meu campo imaginativo... e imagino também que se fosse outra pessoa (não me refiro a uma pessoa em especial, estou generalizando graças a uma certa tendência dos blogs) teria colocado um parênteses cobrindo a vírgula entre o “nada” e o “é claro” para afirmar o fato de ela poder ou não estar ali...

Parece até que as pessoas se esqueceram dos jeitos legais e antigos de gerar ambigüidades sem estes tipos de artifício, não, não estou condenando nada, mas veja como é legal no poema parnasiano Esperança de Vicente de Carvalho a ambigüidade dos tercetos...

“Essa felicidade que supomos
árvore milagrosa que sonhamos
toda arriada de dourados pomos

existe sim; mas nós não a encontramos,
porque está sempre apenas onde a pomos
e nunca a pomos onde nós estamos.

Mas existe em mim uma dor de cabeça que anda me atacando todos os dias e hoje demorou mais para aparecer (vai ver seja pelo motivo de eu não ter ido no computador cedo, estava estudando os estudos necessários para a próxima aula), vou pegar um refrigerante...

Então, meu amigo, como eu ia dizendo, esta dor de cabeça, os recursos da modernidade e a sensação de vazio andam me passando angústia, não, não estou reclamando da vida agora, pois as coisas estão indo bem melhor que iam no ano passado, o ano passado sim foi um inferno verdadeiro, a meta final segundo a Delirium (seria o vestibular?), este ano temos sanduíches!

Mas a minha sensação de vazio é uma coisa na qual eu me mergulho e procuro algo só deparando com as notas personificadas de uma partitura amassada, empilhada em minhas metáforas de papel...

Preciso escrever.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Você sabe o que é uma dor de cabeça, amigo? E sacar que este tal de flunaryn não é um remédio eficiente?

É bravo, tenho que estudar o estudo 3 e descansar...
E essa (antes escrevi "esda", tive que editar de novo a postagem) falta de ar estranha, e essa dor de cabeça, e essa (antes escrevi "esa", os erros de digitação hoje estão fodas) angústia, ô coisa chata, no mais anda tudo bem

A falta de um ponto?

E....

Viva Schoenberg!