quarta-feira, 28 de maio de 2008

Nocturnal after John Dowland - Benjamin Britten (1913 - 1976)

Vou colocar o link desta maravilhosa peça aqui para os meus amigos baixarem,
fiquei querendo mandá-la pra todos os meus amigos, mas não deu, afinal, a
peça é um pouco grande para mandar pelo gmail, MSN daria se eu não estivesse
aparecendo pouco...

Aí fica para quem visitar o blog baixar a peça também, preciso dizer se é
boa? Trata-se de Benjamin Britten sendo tocado por Juliam Bream!

O link

PS: O Nocturnal não possui interrupções entre as partes, então recomenda-se
organizar um PlayList para que você possa ouvir as faixas em seqüência, sem
ter a interrupção para abrir a outra faixa...

sábado, 17 de maio de 2008

Diálogo à toa 1: Ubiratan e Marra.

Ubiratan diz:
O Rodrigo é esperto, viu?
Alf diz:
bom, rendeu em outro lado
Ubiratan diz:
Que outro lado?
Alf diz:
ele ficou na cabeça com aquela coisa de você ter dito pra ele
Ubiratan diz:
O que???
Alf diz:
que a aula de análise era desmontar relógio
Ubiratan diz:
Era uma brincadeira, achei que ele tivesse levado isso dessa maneira.
Alf diz:
acho que no fim de tudo levou mesmo...
Ubiratan diz:
Eu me referia a Pierre Boulez com esse negócio de bricoleur...
Ubiratan diz:
Bircoleur é a metáfora do cara que analisa a música como quem desmonta um curioso relógio. Boulez ironiza isso.
Ubiratan diz:
E Debussy também.
Alf diz:
Boulez deve ser um chato no dia a dia dele, rs
Ubiratan diz:
COOOM CERTEZA!!! Boulez deve ser um saco.
Ubiratan diz:
Ironiza tudo, desconfia de tudo, nada está do jeito que ele quer, tudo deve ser objeto de análise, nada deve escapar a sua ótica...
Ubiratan diz:
Um saco.
Alf diz:
pois então
Alf diz:
nem ele deve se agüentar
Ubiratan diz:
Ler Boulez é um saco.
Ubiratan diz:
Noooossa, demais...
Ubiratan diz:
Mas ele tem razão no que diz, infelizmente...
Ubiratan diz:
INFELIZMENTE...
Alf diz:
o que ele diz que tem razão?
Ubiratan diz:
Gostei quando ele citou Debussy, dizendo que ele tentava "ver, através das obras, os movimentos múltiplos que as fizeram nascer e o que elas contêm de vida interior", e que isso "não tinha o mesmo interesse que o desmontá-las como curiosos relógios."
Alf diz:
ele deve ter razão nisso aí mesmo
Alf diz:
o que não quer dizer que seja ruim
Alf diz:
até porque a imagem de desmontar relógio me é acompanhada de uma imagem de manipular o tempo
Ubiratan diz:
Debussy disse: É preciso procurar disciplina na liberdade. Boulez completa: Mas só há liberdade dentro da disciplina. É lindo. E funcional...
Ubiratan diz:
Mesmo?
Alf diz:
é claro
Ubiratan diz:
Manipular o tempo?
Alf diz:
o que de fato acontece
Ubiratan diz:
Como assim?
Alf diz:
quando o artista desmonta a peça ele manipula dentro não só os elementos da peça
Ubiratan diz:
Mas também...
Alf diz:
mas séculos e eternidades de tradição musical
Ubiratan diz:
Análise musical é uma atividade perigosa, na medida que se pode atruir a elementos razões que não existem...
Ubiratan diz:
Ligar tudo a qualquer coisa dentro de uma obra é bonito, mas perigoso.
Alf diz:
elementos não tem razões de início, mas tradições
Alf diz:
afinal, não estamos no meio do nada
Alf diz:
só usamos motivo, tema, etc por questões de tradição
Ubiratan diz:
Isso mesmo.
Ubiratan diz:
Eu vivo me propondo outra forma de compor.
Ubiratan diz:
Não se deve ficar atribuindo razões numa obra, se o compositor tivesse parado pra organizar tudo aquilo segundo uma lógica tão ferrenha, segundo uma unidade tão rigorosa, não teria saído sequer do terceiro compasso.
Alf diz:
A racionalidade tem que estar presente na obra, mesmo quando o nosso racional aparece de maneira pura, quando não pode ser posto em palavras.
Alf diz:
A coerência de uma obra não corresponde ao fato dela significar alguma coisa, mas o fato dela ter lógica, isso emociona, é uma loucura inerente a todo o ser humano.
Alf diz:
É poético mais que tudo.
Alf diz:
E o fato dela ter lógica não corresponde ao fato dela ter ou não um sentido claro e dizível, como tentei dizer nas mensagens acima...
Ubiratan diz:
Claro que o compositor tem consciência de seu processo, da sua intuição, mas certas coisas sao fruto do acaso e não tem qualquer relação com o que veio antes, ainda que posteriormente possam ser facilmente ligadas à idéia primordial por um bom bricoleur, pelo simples fato de funcionarem muito bem dentro do contexto...
Ubiratan diz:
Sim, sim, sim, sim, não estou aqui defendedo a falta de razão no processo criativo.
Alf diz:
se são ou não feitos pelas mãos do acaso e não do compositor, pouco importa, a obra diz aquilo e fim, se formos procurar o que o compositor quis colocar lá estariamos em uma aula de "partituromancia" e não de análise musical...
Ubiratan diz:
Eu estou falando de atribuição de sentidos inexistentes a uma obra. O compositor está longe de ter domínio sobre tudo o que acontece na obra.
Ubiratan diz:
Não estou dizendo que a gente deve identificar onde está o fruto do acaso numa obra, só estou dizendo que e gente deve parar de ficar ligando tudo a qualquer coisa, certas coisas estão ali e funcionam bem, são fundamentais dentro do contexto, mas não tem relação alguma com a idéia primordial, não nascem dela.
Alf diz:
Existem fatores até místicos aí no meio, mas isso não é nosso campo, nossa tarefa é compor e enxergar a composição das obras.
Ubiratan diz:
Não quero que se analise as intenções do compositor. Isso não importa tanto.
Alf diz:
Ninguém analisa intenção de compositor.
Ubiratan diz:
Pois é.
Ubiratan diz:
Mas quando se faz música se pensa MUITO MAIS ALÉM dos mecanismos internos.
Ubiratan diz:
Eles são fundamentais, mas não encerram uma obra.
Alf diz:
Mas a relação das coisas na obra tem de ser analisadas, ora, é como um texto escrito neste ponto, se o tema é maçã e lá na frente ele começa a falar das características de uma planta é para se referir à maçã e concluir o texto.
Alf diz:
De fato, numa obra musical quase tudo escrito lá é referência a algo escrito antes, isto está na base da composição da música ocidental, que se formos fazer referências e referências vamos chegar lá na lógica aristotélica...
Ubiratan diz:
Então tudo bem, vamos fazer de conta que tudo se resolve dentro de um método. Faz de conta que basta ter uma idéia e pronto, e resto há de sair dali mesmo, que é só uma questão de aplicações que a lógica interna flui por si só.

Alf diz:
Nem tudo se resolve dentro de um método e não basta ter uma idéia e pronto.
Alf diz:
Porque essa questão de aplicações de uma lógica interna
Alf diz:
Vai para o infinito, simplesmente.
Alf diz:
É por isso que um computador não compõe.
Ubiratan diz:
Tudo bem, tudo bem, tudo bem.
Ubiratan diz:
O músico, quando pretende entrar em introspecção analítica, é sempre suspeito.
Alf diz:
e Boulez é um chato de galocha
Ubiratan diz:
Demais.

[...]

É claro que nenhum de nós dois acha as músicas de Boulez chatas.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Se pensarmos bem tudo saiu daquele pequeno motivo, no fundo a existência é a música sob a metáfora de vista dos ornamentos.

sábado, 10 de maio de 2008

Ontem fui a uma apresentação de teatro na qual meu amigo estava participando, matei aula de música para isso e sim, ter matado aquela aula me deixou muito triste, no entanto a apresentação também foi muito boa, fato para aliviar um pouco mais minha consciência. Falando não sobre a apresentação de ontem, mas de meus sentimentos, estou até agora com Tabacaria (poema recitado ontem) na minha cabeça, pois tal poema não é apenas um poema belíssimo, mas é também um poema traumático, uma peça como Pavana para uma criança morta de Ravel oferece o mesmo trauma, e a sensação deste trauma ficou em mim, percorreu meus sonhos desta noite e me incomodou no café, agora precisei ouvir a peça citada acima, tenho-a aqui em meu computador.

Já postei aqui um link para Tabacaria, procurem...

Aqui você pode baixar Pavana para uma criança morta num cd com outras músicas junto...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

¬¬


O que vocês digitariam?