quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Universaláctus

a minha dor de cabeça

No vão da via-láctea a caveira dos astros
Dissipa na luz da entropia, perdido
Meu sangue na via do cosmo retido
Persegue asteróides deitado em seus rastros.

Além, meus olhares tecendo os sentidos
Nos pés de uma deusa elevando outro mastro
Por onde com férteis cometas alastro
Plantando a existência a luzir os temidos

Abrigos de sonho se ascendem, silêncios
Nos ventos revoltam-se e a voz é o que vence os
Tecidos das dores no céu a envolvê-las,

Acordo e a janela procuro, vou firme
Há dores no escuro da luz a sentir-me,
Garoto, mais um, a observar as estrelas.

João Antônio Marra Signoreli

11 comentários:

Guilherme Toscano disse...

estou gostando de ver, joão. mesmo esse soneto pareceu pra mim muito mais acessível. :D

parabéns :D

Ná!da disse...

O que o Bilac não faz nas nossas mentes pensantes?

foi quando uma professora respondeu, a uma pergunta inocente: "mas ele pensou nisso tudo?", - feita depois de uma análise viajante de uma obra de um autor não muito surpreendente - que eu pensei que nem sempre o poeta é o pensante... e nem sempre o poeta é o autor. Pois ela disse que não importava o que o autor pensava enquanto escrevia e o que importa é o que ele escreveu de fato e as conclusões que se pode tirar disso. Seria o leitor autor também? Isso eleva meu ego e eu preciso acreditar que sim...


Concluo que o poema deve ser para maiores de 18 anos e para pessoas com coração experiente o suficiente para não se desiludir em uma experiência tão teórica. Algumas besteiras devem acontecer na prática... ou a prática nunca acontece. oO

Marra Signoreli disse...

Olá Nayara, que bom que pensou sobre o texto...

Sim, talvez exista uma conotação tão sexual no poema quanto existencial e até metafísica, quem sabe? E por que estes assuntos não estão diretamente ligados? Se cada pessoa é um universo, então a concepção é uma verdadeira cosmogonia...

O que de fato sua professora quis dizer é que o autor não é nada mais que o "pai" (ou a "mãe", ou os dois) do poema, o poema tem vida própria e o direito de interpretação que eu tenho de um poema meu é o mesmo que você possui, e é o mesmo que o Toscano possui também e por aí vai...
O poema em si é a obra, é palavra, é som e no fundo ele não quer dizer nada em nosso mundo, é como uma música instrumental (existe antes de seu significado)... É estética, é puramente provocador de estesias e está para ser contemplado em sua inutilidade...

Deixemos Bilac descansar...

Guilherme Toscano disse...

metáforas foram feitas para não serem compreendidas.

Lucas Garcia disse...

parece até real, não foi mesmo?

Osmar Mesquita disse...

Muito bom cara..
gostei...parece real hehe..
parabens cara continue assim..
bom blog..
abraços



http://bombadigital.blogspot.com

Ricardo Cazarino disse...

Bacana mesmo teu blog...

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Seria fantástica a leitura de um conto de Borges, "Ménard, o autor de Quixote". Sério. Depois volto aqui para fazer um comentário mais elaborado.

Anônimo disse...

O personagem do referido conto procura reescrever o Dom Quixote. Só que ele não quer apenas copiar, ele quer reconstruir o pensamento de Cervantes e o que induziu a criá-lo o D. Quixote... até considerar essa tarefa demasiado fácil. Então ele opta por ser Menard e procura construir os pensamentos que o levariam como próprio Menard.

O texto não diz somente respeito a apropriação do texto ou das idéias de outro, mas da interpretação do texto (que é a partir da interpretação que se reconstrói o pensamento).

É muito bom. Borges faz um pequeno comentário ao Quixote de Cervantes e ao de Menar, procurando demonstrar as diferenças. hahaha

É foda. :)

Anônimo disse...

Sintetizando o comentário acima.

O que é não-intencional para Cervantes é puramente intencional para outro autor e o texto é exatamente o mesmo (para fins fabulares, que nunca ouvi falar nisso concretamente).

Independente da intenção do autor, o texto FALA.